 
 DANIEL LIMA - 29/08/2025
DANIEL LIMA - 29/08/2025
Não há Secretaria de Efeitos Especiais que salve a lavoura do triunfalismo inconsequente, embora eleitoreiro: também no Campeonato Brasileiro de Gestão Pública, como se não bastasse a versão econômica que publicamos ontem, Paulinho Serra perde feio para Orlando Morando e não tão feio assim para José Auricchio ao fim de oito anos de dois mandatos. Dos três municípios da região, São Bernardo apresenta o melhor desempenho nacional.
Fico imaginando como é possível o agora político sem cargo, mas candidato a deputado federal Paulinho Serra continuar a publicação da coluna no Diário do Grande ABC. Na verdade, nem deveria ter tomado a iniciativa sob o mote “Mais Gestão, Menos Polarização”. Os resultados da temporada passada desse ranking de competividade nacional produzido pelo (CLP) Centro de Liderança Pública já deixavam consolidado o desconforto de Santo André. Paulinho Serra escrevendo sobre gestão é tão inverossímil quanto ouvir sindicalista negando a desindustrialização do Grande ABC.
Como escrevemos na última segunda-feira, Paulinho Serra poderia ter sido convidado, e outros personagens da vida regional também, a produzir comentários que bem entendesse nas páginas do jornal. Nada sob o mote de gestão pública em tom professoral tem sentido.
MACROINDICADORES
Os oito anos de Paulinho Serra foram um desastre quando observados com a amplidão de que Santo André tanta carece. Martelar essa conclusão óbvia é obrigação de quem pretende ver Santo André e a região fora do quadradismo inventivo, mas pouco responsável de marqueteiros pagos a peso de ouro. E também de bajuladores nas redes sociais. Eles são patéticos.
A dimensão de Gestão Pública do Campeonato Brasileiro de Competitividade dos Municípios é dividida em dois macroindicadores que ancoram 10 indicadores. Em praticamente todos, Santo André vai mal das pernas. E vai mal das pernas porque não conseguiu em quase uma década dar conta do recado de aparar incorreções do passado e introduzir medidas que pudessem sinalizar transformações mesmo que tênues, mas sustentáveis.
Na classificação geral do Campeonato Brasileiro de Gestão Pública, Santo André ocupa a posição 111 entre os 418 maiores municípios do País, que envolvem endereços com mais de 80 mil habitantes. Está atrás de São Caetano, que ocupa a posição 90, e muito, mas muito distante de São Bernardo, que está na posição 13.
De fato, e para valer, quem mesmo se destacou entre os três prefeitos que não puderem concorrer em outubro do ano passado foi Orlando Morando. A posição 15 no ranking de Gestão Fiscal está muito próxima da posição 13 na classificação geral que também envolve as áreas de Desenvolvimento Econômico e Gestão Social.
DUAS CATEGORIAS
A primeira --Desenvolvimento Econômico -- foiesmiuçada ontem por este jornalista. Gestão Social o será na semana que vem. São Caetano é a oitava colocada quando se leva em conta a classificação geral das três modalidades, mas na Gestão Pública despencou. Santo André, 103ª colocada na classificação das três dimensões, tem consolidada a baixa capacidade também em Gestão Pública.
O Campeonato Brasileiro de Gestão Pública é dividido em duas categorias, ou macroindicadores – Sustentabilidade Fiscal e Funcionamento da Máquina Pública. No primeiro, Santo André ocupa a posição 90, São Bernardo a posição 43 e São Caetano a posição 52. No segundo, Santo André ocupa a posição 163, São Bernardo a posição 21 e São Caetano a posição 181.
A dimensão “Sustentabilidade Fiscal” conta com quatro indicadores. Em Dependência Fiscal, Santo André está na posição 17, São Bernardo na 49 e São Caetano na 18. Em Taxa de Investimento, Santo André é ocupante nacional da posição 183, São Bernardo da 101 e São Caetano da 78. Em Despesa com Pessoal, Santo André ocupa a posição 205, São Bernardo a posição 15 e São Caetano a posição 255. Completando a categoria, em Endividamento, Santo André está na posição 388, São Bernardo na posição 397 e São Caetano na posição 351.
MÁQUINA EM DADOS
A dimensão “Funcionamento da Máquina” conta com seis indicadores. Em Custo da Função Administrativa, Santo André está na posição 362 entre os 418 municípios, São Bernardo na 42 e São Caetano na 132. Em Custo da Função Legislativa, Santo André é a 150ª colocada, São Bernardo a 61ª e São Caetano a 361. Em Qualidade da Informação Contábil e Fiscal, Santo André é a 282ª colocada no País, São Bernardo a 70ª e São Caetano a 81ª. Em Tempo de Abertura de Empresas, Santo André ocupa a posição 216 no País, mesma posição de São Bernardo e São Caetano a 242. Em Qualificação dos Servidores Públicos, Santo André ocupa a posição 144, São Bernardo a sétima e São Caetano a 211. E em Transparência Municipal, Santo André é a 119ª colocada no ranking nacional, São Bernardo a 105 e São Caetano a 230.
O Campeonato Brasileiro de Competitividade dos Municípios é um santo remédio para colocar a casa da sogra de especulações, manipulações e marqueteiros irresponsáveis nos devidos lugares. O festival de bobagens que a mídia em geral e as redes sociais massificam não resiste à ciência contida em forma de dados divulgados por uma organização considerada acima de qualquer suspeita. Os números são cruéis com os malversadores de informações. Não há propaganda que resista aos fatos e à realidade.
RETRATO PREOCUPANTE
O retrato do Grande ABC, particularmente das três administrações que encerraram dois mandatos seguidos em dezembro do ano passado, é preocupante em alguns indicadores que parecem agravar-se a cada temporada. Vamos dar ênfase, mais uma vez, ao quadro geral da região assim que for encerrada a bateria de resultados em cada uma das três dimensões.
Na semana que vem teremos o Campeonato Brasileiro de Gestão Social dentro do Campeonato Brasileiro de Competitividade Geral. Os dados serão igualmente preocupantes. A situação do Grande ABC – agora se trata dos sete municípios – é proporcionalmente tão complexa e preocupante quanto o descaso do Clube dos Prefeitos na abordagem de praticamente todos os 65 indicadores do Campeonato Brasileiro de Competitividade dos Municípios.
O varejismo impera entre os administrações públicas locais. Eles se lançam a apagar incêndios e a apresentar obras que podem até melhorar aqui e ali a qualidade de vida dos moradores da região num sentido muito estrito. Nos pontos fundamentais e que de fato transpõem as barreiras para mitigar os dramas sociais persistentes de uma região desindustrializada, praticamente nada fazem.
TRÊS DIMENSÕES
A primeira dimensão do Ranking de Competitividade dos Municípios analisa as instituições de cada Município, centralizando atenção nos pilares de sustentabilidade fiscal e funcionamento da máquina pública. A segunda dimensão observa vetores sociais e o atendimento à sociedade, compondo os pilares de saúde, educação, segurança, saneamento e meio ambiente. O terceiro pilar revela a Dimensão Econômica, incluindo os pilares de inserção econômica, inovação e dinamismo, capital humano e telecomunicações.
De acordo com a organização, o levantamento tem o objetivo de alcançar um entendimento "mais profundo e abrangente" dos maiores municípios do País. A ideia é incentivar a competição entre os municípios e servir como ferramenta de cobrança do Poder Público. Para isso, o levantamento ainda considera 65 indicadores oficiais, organizados em 13 pilares temáticos. Veja como é feita a divisão e a participação de cada um dos pilares no ranking geral:
1. Inovação e Dinamismo Econômico (16,1%).
2. Telecomunicações (8,5%).
3. Capital Humano (7,6%).
4. Inserção Econômica (5,9%).
5. Saneamento (7,6%).
6. Qualidade da Saúde (6,4%).
7. Acesso à Educação (6,4%).
8. Segurança (5,9%).
9. Meio Ambiente (5,9%).
10. Acesso à Saúde (5,1%).
11. Qualidade da Educação (5,1%).
12. Sustentabilidade Fiscal (10,2%).
13. Funcionamento da Máquina Pública (9,3%).