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Imprensa

DANIEL LIMA - 29/09/2025

Decidi que não vou apresentar contrapontos a cada tópico da coluna de ontem do político Paulinho Serra no Diário do Grande ABC. E vou explicar a decisão em curtos parágrafos. Provavelmente, com essa decisão, esteja poupando os leitores de nova jornada de alucinação do ex-prefeito de Santo André. Alucinação talvez seja traduzida por psicanalistas sociais, no caso presente, como desenlace de frustração gerada pelo confronto entre a retórica fora do poder e as práticas no poder. 

Paulinho Serra não é um cidadão comum que possa ser levada a sério ao apresentar propostas tendo como base de argumentação reconhecido conhecimento técnico. Paulinho Serra está há 25 anos da vida pública, comandou a Prefeitura de Santo André por oito longos anos e se apresenta subliminarmente como candidato a deputado federal nas eleições do ano que vem, embora propague pretensões de disputar o Senado. 

PASSADO COMPLICADO 

Fosse uma novidade na vida pública e social do Grande ABC, não tenham dúvidas os leitores que devoraria cada parágrafo dessa 15ª  edição da coluna “Mais Gestão, Menos Polarização”. Entretanto, como já é mais que manjado na vida pública e social do Grande ABC, com um estoque de mais danos do que ganhos em Santo André, tudo comprovado em inúmeros estudos de organizações rigorosas na elaboração de rankings, não bastasse o modus operandi de poder, só resta alertar leitores e leitores que tomem extremos cuidados com o que lerão em seguida, e que os leitores do Diário do Grande ABC já devem ter lido. 

Paulinho Serra é para ser lido com extrema desconfiança (será que ele vai reprovar o uso de “extrema confiança”?)  entre outras razões porque  tem o péssima hábito de criar fantasias numa escola de samba de compromisso social manipuladora. Como toma regularmente um alucinógeno indicado por marqueteiros que imaginam os leitores iletrados irrecuperáveis, Paulinho Serra se excede na determinação de abusar de inverdades. 

FIM DA FILA 

Paulinho Serra está no fim da fila de coerência argumentativa quando se confrontam suas escritas no Diário do Grande ABC, e regularmente transpostas a esta revista digital, e o desempenho à frente da Prefeitura de Santo André e do Clube dos Preitos. 

Na Prefeitura, além de novos espaços de deslocamento do Desenvolvimento Econômico rumo ao desfiladeiro, e também de uma gestão especializada em varejos, assistencialismo e ilusionismos, Paulinho Serra “paz e amor” agora está assistindo ao desmonte da gestão que encabrestou o sucessor Gilvan Júnior. 

Não é que o novo prefeito tomou coragem de promover rompimento mesmo que diplomático? Peças do tabuleiro deixado por Paulinho Serra começam a cair. Já não se ouve mais Gilvan Júnior falar em administração de continuidade. O jovem deve ter percebido que se meteu em enrascada. Talvez não se tenha dado  conta de que, no fundo, a situação se lhe oferece como encantadora. Basta fazer um pouco para tornar Santo André muito melhor nos mais diferentes ranqueamentos. 

Dirigir um time rebaixado, tendo como premissa completa reformulação tendo o futuro como horizonte de desafios, é melhor que pegar um time decadente que ganha um título caindo pelas tabelas e ter de promover mudanças sem garantia de sucesso nem imediato, nem futuro.  No caso de Santo André, título algum foi conquistado. Exceto do Campeonato Brasileiro de Efeitos Especiais. E olha que não falta concorrência. Por isso, a decadência detectada em estudos sérios só agravou neste século. 

Já no Clube dos Prefeitos, também Consórcio Intermunicipal, Paulinho Serra promoveu, com indecisões, preferencias e outras fragilidades decisórias, a deserção de São Bernardo e de São Caetano, além de  Ribeirão Pires, que, tempos depois, voltou sob influência de terceiros. O Coronavírus fez estrago geral e nenhum, absolutamente nenhum plano que obedece alguma coisa que lembrasse regionalidade, sequer foi  planejado. O índice de mortes no Grande ABC foi 30% superior à média nacional. Disputamos pau a pau com o pobre distrito paulistano de Sapopemba. 

Acompanhem agora o colunista temporão Paulinho Serra nas páginas do Diário do Grande ABC. Não é preciso o uso de detector de mentira. 

 

A QUÍMICA ENTRE

TRUMP E LULA

O encontro relâmpago entre o Presidente americano Donald Trump e o Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, de pouco mais de 30 segundos, ganhou manchetes no mundo inteiro. Um gesto rápido, quase protocolar, mas carregado de simbolismo. Afinal, poderia esse breve contato significar uma mudança real no rumo das relações entre Brasil e Estados Unidos? No momento em que o nosso país enfrenta os efeitos concretos do chamado tarifaço, as tarifas de até 50% impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros como café, carne, laranja e cobre, a sociedade brasileira se pergunta: estamos diante de uma abertura para o diálogo ou apenas de mais um episódio que alimenta narrativas políticas sem impacto real na vida da população? 

O impacto do tarifaço

Se para muitos o encontro foi apenas uma cena rápida, para quem vive o dia a dia da economia, os efeitos da relação Brasil-EUA são muito concretos. Só no Grande ABC, o tarifaço já representou uma perda estimada em R$ 80 milhões. Isso não é teoria ou retórica: são empregos ameaçados, empresas fragilizadas e famílias sentindo no bolso as consequências de decisões tomadas a milhares de quilômetros de distância. O Brasil não pode se dar ao luxo de assistir passivamente a esse embate político travado no exterior. Quando as tarifas sobem, quem paga a conta é o trabalhador brasileiro, o pequeno produtor, a indústria local. Cada imposto extra sobre nossos produtos representa menos competitividade lá fora e menos oportunidades aqui dentro. 

Pontes ou muros?

É nesse contexto que o encontro entre Trump e Lula chama atenção. Mais do que medir forças ou marcar posição, o Brasil precisa de pontes, não de muros. Precisa de diálogo, não de guerra. Precisa de resultados práticos, e não apenas de discursos inflamados que mobilizam torcidas, mas não resolvem os problemas reais. A história mostra que países que investem em cooperação, mesmo diante de divergências políticas, conseguem proteger melhor seus interesses econômicos e sociais. Quando prevalece a lógica da polarização, perde-se tempo em disputas narrativas, enquanto os prejuízos se acumulam na vida das pessoas. 

A lição da gestão local

Na experiência de quem já governou uma cidade com quase um milhão de habitantes, fica claro que a polarização não resolve nada. Em Santo André, no coração do ABC, avançamos em áreas sensíveis como saneamento, educação e equilíbrio fiscal justamente porque soubemos priorizar a gestão acima da disputa política. O mesmo raciocínio vale para o Brasil: é com foco em resultados, e não em narrativas, que se enfrenta crises e se cria prosperidade. Quando a política se transforma em guerra permanente, quem perde é o cidadão comum. São menos investimentos, menos empregos, menos qualidade de vida. Ao contrário, quando a política assume seu papel de ponte entre diferentes interesses, o efeito positivo aparece no dia a dia da população. 

Um primeiro passo?

É evidente que um encontro de 30 segundos não resolve tarifas milionárias, não derruba barreiras comerciais e tampouco inaugura um novo ciclo de relações bilaterais. Mas pode, sim, ser um primeiro passo. Em diplomacia, gestos importam. Pequenos acenos podem abrir portas que antes pareciam fechadas.

A pergunta é: vamos aproveitar a oportunidade para transformar esse gesto em negociação real, em defesa concreta dos interesses nacionais, ou vamos desperdiçar mais uma vez a chance, presos na armadilha da polarização que só divide e enfraquece o Brasil? 

O que o Brasil precisa 

O desafio que se impõe é claro: transformar encontros simbólicos em resultados efetivos. O Brasil precisa recuperar sua capacidade de diálogo internacional, proteger seus setores produtivos, gerar confiança nos investidores e, acima de tudo, pensar em quem mais sente os impactos da crise — o trabalhador e sua família. Porque, no fim das contas, pouco importa quem venceu a narrativa. O que importa é se o Brasil vai vencer a batalha real: garantir crescimento, emprego, renda e dignidade para seu povo. Se os 30 segundos entre Trump e Lula se tornarem o ponto de partida para essa mudança de postura, terão valido mais do que muitas horas de discursos inflamados. Afinal, o Brasil não precisa de novos palanques: precisa de soluções.



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