Economia

Diferença entre região e Brasil
se estreita no topo da pirâmide

  DANIEL LIMA - 15/10/2021

A reestruturação de faixas socioeconômicas no Grande ABC (ricos, classe média, Classe C, além de pobres e miseráveis) neste século é uma guerra perdida até mesmo quando se tem do outro lado da disputa o Brasil, País que patina sem parar. A queda avassaladora de famílias de Classe Rica e de Classe Média no Grande ABC é a constatação mais escandalosa quando se tem como contraponto o chamado Custo ABC em forma de PIB Público. O IPTU faz parte desse cardápio indigesto.  

A Classe Média é o ponto mais extravagante de despautérios econômicos do Grande ABC neste século, principalmente por causa da desindustrialização mais acentuada nas três últimas do século passado.  

Uma desindustrialização negada durante muito tempo (e até hoje por prevaricadores institucionais) e que dilapidou largamente o patrimônio econômico-financeiro da população.  

Enquanto a Classe Média do Grande ABC encolheu em representatividade proporcional nada menos que 15,84% neste século, no Brasil, na média geral dos dados, houve avanço também proporcional de 87,66%. Aos números detalhados: 

1. Grande ABC contava em 1999 com 31,37% das famílias tipificadas como de Classe Média (média, alta e baixa) enquanto o Brasil como um todo contava com 11,35%. Praticamente três vezes mais. Já na linha de chegada dos dados estatísticos, neste 2021, a parcela da Classe Média no conjunto de famílias do Grande ABC caiu para 26,4%, enquanto a mesma parcela da média brasileira subiu para 21,30%. O que era uma vantagem de 63,81% favorável ao Grande ABC foi reduzida a 19,31%.  

Contra o relógio   

Esse comparativo não deixa dúvida sobre o que vai resultar o andar da carruagem da Classe Média no Grande ABC ao fim desta nova década, a prevalecer a tendência de estreitamento da margem de superioridade.   

E tampouco vai deixar dúvida sobre o estágio a que chegaria o Grande ABC antes da chegada da quarta década deste século: será um retrato cuspido da média nacional. Quem entende que isso é desenlace digno de respeito praticamente um século depois da chegada da revolucionária indústria automotiva na região precisará provavelmente de um curso intensivo que tenha cidadania e responsabilidade social como disciplinas essenciais.   

Os dados são igualmente preocupantes envolvendo a Classe Rica e a Classe Média quando se somam os resultados do Grande ABC em confronto com a média nacional.  Vejam:  

1. Em 1999, o Grande ABC contava com 37,54% de famílias dessas duas categorias socioeconômicas. Ou seja: quase 40% das residências eram integradas por ricos e integrantes da classe média tradicional. No Brasil, eram 15,94% as famílias ricas e de classe média. Uma diferença de 57,54% favorável ao Grande ABC. Em 2021, o contingente dos dois estratos socioeconômicos no Grande ABC registra participação relativa em confronto com o conjunto das residências de 29,70%, enquanto na média brasileira foi registrado o total de 23,50%. A diferença caiu para 20,87%. A participação interna relativa no Grande ABC caiu 20,88% ante crescimento médio relativo brasileiro de 47,42%.  

Dados gerais   

Numa próxima edição, CapitalSocial examinará detalhadamente o comportamento da Classe C e dos pobres e miseráveis nos 21 anos deste século, sempre tendo como comparativo a média nacional contraposta aos sete municípios do Grande ABC.  

Podemos antecipar que, assim como entre Ricos e a Classe Média, os resultados também são preocupantes para a região com o adicional daqueles dois estratos socioeconômicos.  

Nem poderia ser diferente. No período de estudos de CapitalSocial, constata-se que o Grande ABC cresceu em acumulação de riqueza bem abaixo da média brasileira. Os números não levam em conta a inflação. Ou seja: são resultados nominais. No período, o Grande ABC registrou crescimento de 517,16%, enquanto o Brasil chegou a 797,27%. Uma diferença de 35,13%.  

Tração faz diferença  

Registrar vantagem de 35,13% em 21 anos significa que a média brasileira ganhou forte tração comparativamente à média do Grande ABC e que por força das especificidades de consumo dificilmente sofrerá qualquer mudança significa nos próximos tempos. A lógica econômica é que cada vez mais a velocidade de poderio econômico será favorável ao conjunto dos municípios do País em relação ao Grande ABC. 

Os estudos de CapitalSocial se baseiam num coquetel de indicadores oficiais do governo federal que são matéria-prima da Consultoria IPC, do pesquisador Marcos Pazzini. Há três décadas o especialista trata do assunto. É a empresa de maior prestígio no País quando no trato de dados históricos de Potencial de Consumo, algo como PIB de Consumo. Inúmeras empresas e instituições públicas fazem parte do portfólio de clientes da Consultoria IPC.  

Veja o comportamento do acúmulo de riqueza da média do Grande ABC e da média nacional: 

1. O Grande ABC contava com PIB de Consumo de R$ 13.794.801 bilhões em 1999, ante R$ 85.136.397 bilhões em 2021. Um crescimento nominal de 517,16% no período.  

2. O Brasil contava com PIB do Consumo de R$ 565.631.962 bilhões em 1999, ante R$ 5.075.631 trilhões em 2021. Um crescimento nominal de 797,27%. 

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