Esportes

SAF do Santo André: Paulinho
recua. Agora precisa avançar

  DANIEL LIMA - 20/04/2022

A melhor notícia do dia no Grande ABC para quem leva em conta que futebol vai muito além das quatro linhas do gramado e que invade a essência de cidadania é que o prefeito Paulinho Serra recuou sobre a decisão de dividir o Santo André.  

Onde se lê “prefeito Paulinho Serra” leia-se também o titular do Paço Municipal e o entorno extenso e amplo que o influencia para o bem e para o mal.  

Uma notinha na coluna “Cena Política” do Diário do Grande ABC é a senha soberana de que o tucano que ocupa o Paço Municipal há cinco anos e quatro meses deve ter refletido profundamente sobre a barbeiragem que cometeria ao dividir o palco do futebol da cidade, sempre e sempre do Esporte Clube Santo André, com uma pirataria chamada Santo André Futebol Clube.  

SENHA CONCILIADORA? 

Antes de passar a algumas considerações que levarão provavelmente o leitor mesmo avesso a futebol a entender o que se passa no ambiente esportivo-político-eleitoral de Santo André, reproduzo a notinha do Diário do Grande ABC sob o título “100% Ramalhão”: 

 O prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB) tem sido taxativo quando o assunto é futebol profissional: 100% de seu apoio está no avanço do Esporte Clube Santo André, não só pelas conquistas históricas da equipe, como a Copa do Brasil em 2004 ou o vice-campeonato paulista de 1010, mas, principalmente, pelo que representa na cidade e na região. E em nenhum outro time que possa surgir em Santo André. O sentimento, segundo o tucano, é de agregar e não de dividir.  

Antes de chegar aos finalmente sugerido na manchetíssima aí em cima (ou seja, o avanço) não poderia deixar de examinar a notinha do Diário do Grande ABC com os devidos aparos que refletem fielmente a realidade dos últimos tempos quando o assunto é SAF (Sociedade Anônima do Futebol), modalidade jurídica e esportiva que deve mudar o patamar do Esporte Clube Santo André, como também da maioria dos clubes que se lançarem às inovações aprovadas há poucos meses pelo Congresso Nacional. 

FATOS MAIS FATOS  

Então, vamos aos pontos essenciais da notinha do Diário do Grande ABC para que se coloque ordem em suposta inexistência de equívocos do prefeito e de seu entorno. 

a) Em nenhuma situação de domínio público ou privado o prefeito Paulinho Serra manifestou preocupação com o surgimento de um novo clube, posto na arena para atrapalhar o Esporte Clube Santo André. A omissão sugere suporte.  

b) O novo clube, o Santo André Futebol Clube, que nem regularizado está nas esferas esportivas, é uma obra genuinamente de gente do entorno do prefeito, entre os quais o secretário de Esportes, Marcelo Chehade, pré-candidato a alguma coisa em outubro próximo e um dos inúmeros concorrentes à sucessão de Paulinho Serra. 

c) O agora secretário de Saúde e antes Secretário de Assuntos Estratégico -- José Police Neto, deixou evidenciado numa entrevista ao próprio Diário do Grande ABC que a pretensão do Paço Municipal era tornar complexa a cessão do Estádio Bruno Daniel, quando a lógica da lógicas das lógicas é que o próprio da municipalidade só tem um ocupante natural, e que se chama Esporte Clube Santo André. O modelo de concessão, cansei de escrever, não seria nada diferente do aplicado em São Bernardo pela prefeito Orlando Morando para o São Bernardo Futebol Clube ou, melhor ainda, do Estádio Anacleto Campanella para o São Caetano. E de tantos outros estádios municipais espalhados pelo País.  

d) Detenho provas testemunhais e documentais de que as ações da Administração de Paulinho Serra foram todas direcionadas a esvaziar o Esporte Clube Santo André e a incrementar o genérico Santo André Futebol Clube. Os encantos eleitorais da ruptura do futebol profissional em Santo André tornam os protagonistas e coadjuvantes autores dos próprios delitos éticos, além de abusos à inteligência alheia. 

e) Não sei como andam as relações entre a Administração da Prefeitura de Santo André e a direção do Esporte Clube Santo André, mas gostaria de ter alguma prova documental que corroboraria a declaração do prefeito Paulinho Serra, ou seja, de apoio à agremiação e de agilidade no atendimento do projeto da SAF. Duvido que exista até a data de ontem.  

CIDADE NO MAPA 

Vou parar por aqui porque o intuito não é colocar mais pimenta no cardápio oferecido. A preocupação agora deve ser mesmo que tipo de avanço teremos nos próximos dias como prova de que o prefeito e seu entorno querem mesmo ver o Esporte Clube Santo André dar um passo adiante na história da maior peça de cultura do Grande ABC, um nome respeitado em todos os cantos do mundo e que, sem exagero, prova a influência do futebol como mecanismo de reconhecimento territorial.  

Santo André sem o Santo André não seria a Santo André que olhos diferentes olham para Santo André. Muitos nem olhariam, porque não a conheceriam.  

Também não custaria nada dar uma espiada mais cuidadosa nos intentos e projetos da turma que criou o Santo André Futebol Clube, sobretudo para supostamente preparar jovens à atividade.  

SUPORTE SOCIAL? 

Quem sabe, com isso, haja disponibilidade potencial de elementos que possam reforçar o projeto da SAF do Esporte Clube Santo André.  

Afinal, a SAF do Esporte Clube Santo André deverá atrair alguma organização esportivo-empresarial que tenha nas equipes da base o mapa da mina não só para reforçar o time profissional ao longo dos anos como também potencializar o mercado de receitas com negociações cada vez mais disputadas.  

Os times europeus querem cada vez mais jogadores jovens. O caudal de exemplos mostra isso. Mas produzir e distribuir talentos é tarefa para especialistas. Os amadores quebram a cara ou, bem assessorados, podem gerar frutos e, com isso, contemplar projetos sociais. É o que se esperaria do Santo André Futebol Clube.  

Nos próximos dias vou republicar os primeiros trechos das matérias-análises que fiz sobre a questão da SAF do Santo André.  

CARNAVAL? CARNAVAL?  

Como não tenho a menor ideia de que de fato o Carnaval existirá nos próximos dias, já que fevereiro já passou e estamos às portas de maio, vou tocar minha vida normalmente. Aliás, sempre toquei, mesmo com Carnaval em fevereiro. 

Isso quer dizer que publicarei uma síntese do material que já foi consumido por muitos leitores e que, recolocado na praça de leitura, mesmo de forma reduzido de conteúdo, contribuirá para dar consistência aos formuladores de um Esporte Clube Santo André diferente do que está aí mas, essencialmente, complemento do que está aí. 

Parabéns ao prefeito de Santo André pelo gesto de humildade, mesmo que disfarçado na notinha do Diário do Grande ABC. O mais importante nesta altura do jogo é que se restabeleça a linha construtivista de um Santo André Sociedade Anônima vigoroso e transformador. Basta querer. E que lideranças do Município cuidem do assunto com zelo.

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