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Esportes

DANIEL LIMA - 17/05/2022

É claro que vai depender muito ou basicamente do interesse dos clubes profissionais do Grande ABC que, se forem mesmo profissionais, vão topar na hora ao ler estas linhas: a Federação Paulista de Futebol poderia promover anualmente a Copa do ABC, da mesma forma que a CBF realiza a Copa do Brasil e o pessoal lá de cima coloca em disputa a Copa do Nordeste. 

Mais adiante, como lerão, vou ser territorialmente mais abrangente: que tal a Copa da Grande São Paulo?  

Possivelmente poucos dos leitores sabem quantas equipes da região estão filiadas à Federação Paulista de Futebol. São sete, três das quais na principal divisão, a Série A-1 (Santo André, São Bernardo Futebol Clube e Água Santa de Diadema), uma na Série A-2 (São Caetano), um na Série A-3 (Esporte Clube São Bernardo). Duas estão na Segunda Divisão (Mauá Futebol Clube e Grêmio Mauaense) e uma se prepara para se tornar profissional, o Atlético Ribeirão Pires. É tanto time que a Copa do ABC seria compulsória. Por isso, a sugestão.  

SOBRAM DATAS  

Certo mesmo é que não faltarão datas às disputas. Não temos nenhuma equipe no calendário fixo da Confederação Brasileira de Futebol. E mesmo se tivéssemos não haveria impedimento. Há brechas enormes inclusive nos meios de semana à realização de jogos. Tanto a Copa Libertadores da América quanto a Copa do Brasil flexibilizam o calendário estadual às demais equipes.  

A Copa do ABC acrescentaria um potencial de marketing enorme nestes tempos em que futebol e negócios têm coexistência obrigatória.   

Não pretendo explorar propostas de formatos da competição que poderiam caber no bolso do calendário estadual e nacional.  

ENRAIZAMENTO POPULAR  

O básico dos básicos ao convencimento da direção da FPF é que temos times e necessidade de maior enraizamento social do futebol suficientes para merecer atenção especial, conciliando atividade esportiva e marketing no sentido mais amplo da especialidade. 

O selo e a liderança da Federação Paulista de Futebol são essenciais à realização dessa proposta. A neutralidade e a estrutura de uma entidade que cuida do futebol paulista farão a diferença sob todos os aspectos.  

Uma competição com comando doméstico, com organização doméstica, não teria o mesmo impacto, sentido e resultados. E estaria fadada a dobrar-se a paixões que devem ser reservadas às arquibancadas e aos gramados.  

O fato é que nossas equipes precisam preencher o calendário muito além da disputa do estadual propriamente dito e de eventuais e temporárias participações na Série D do Campeonato Brasileiro. 

ESPAÇO MAIOR?  

Tudo bem que a Série D do Brasileiro é o máximo com que temos sonhado com os pés no chão em tentativas que se têm mostrado decepcionantes para chegar à Série C, menos deficitária mas nem por isso satisfatória ao futebol de negócios e aos negócios do futebol. E também ao futebol de cidadania implícita.  

Quem não tem cão de calendário cheio caça com gato de calendário quebra-galho. E a Copa do ABC, que surgiria sob essa perspectiva (e não vamos nos enganar) poderia com o passar de tempo que gera tradição, ser catapultada a uma frequência de prestígio superior.  

Quem sabe, em seguida, a Copa do ABC desdobre-se em Copa da Grande São Paulo, com 39 municípios e 22 milhões de habitantes. O dobro do Estado do Rio Grande do Sul.  

Quem sabe até mesmo a Copa da Grande São Paulo seja a opção imediata da Federação Paulista de Futebol, incluindo, claro, as equipes do Grande ABC?  

PODERIO ECONOMICO  

O presidente Reinaldo Carneiro Bastos é um homem tão poderoso como bem assessorado. Duvido que resistiria à ideia de que tem um quarto do mercado de consumo da cidade de São Paulo nas sete cidades do Grande ABC e, muito mais que isso, praticamente a metade da cidade de São Paulo na Grande São Paulo restante, ou seja, excluindo a Capital.  

Precisamos atiçar a rivalidade dentro de campo entre os clubes da região e o compartilhamento de esforços fora de campo para que todos ganhem.  

É perfeitamente possível que os times se engalfinhem nos gramados e se abracem nos gabinetes de forma a se tornarem mais inseridos nos respectivos municípios e mais respeitados fora. Basta deixar a paixão do lado externo das salas de reuniões.  

ATENÇÃO DESPERTADA  

Prefiro não entrar em detalhes sobre as características estruturais e financeiras de cada uma das equipes que representam o futebol profissional da região nestes tempos. O mais importante é que são agremiações que estão aí e que têm em comum, exceto se algum dirigente for maluco de pedra, traçar uma linha de subida constante na hierarquia do futebol paulista e nacional.  

Uma Copa do ABC que seja tratada como produto esportivo e de marketing provavelmente despertaria a atenção de gente do futebol que sempre arruma um tempo para descobrir talentos.  

Que oportunidade maior teriam as agremiações locais de despertar o interesse de agentes do futebol sempre na garimpagem de joias preciosas? 

Possivelmente a Federação Paulista de Futebol poderia introduzir como uma das regras da competição uma ancoragem destinada à revelação de valores das divisões de base das agremiações.  

TEMPO DE FAZER  

Seria ótimo se definisse um determinado número de jogadores inscritos em faixas etárias das equipes de base. Seria interessante, claro, que não houvesse exagero, para que não se tolha a perspectiva de uma competição que guarde relação muita próxima com a realidade de cada equipe profissional.  

Mas esse e outros pontos que chamaria de periféricos não cabem nesse momento em que a proposta no sentido dimensional de ser vale mais porque deve chegar à direção da Federação Paulista de Futebol como projeto mais que viável.  

A temporada de 2023 está ainda distante, o que permitiria a organização da disputa neste ano, com aplicação em tempo adequado para evitar improvisações. 



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