Esportes

Série A-1 sai melhor que a
encomenda para a região

  DANIEL LIMA - 21/03/2022

Todo mundo sabe que o pedido para o Papai Noel do futebol das equipes que não têm calendário nacional e que disputam a Série A-1 do Campeonato Paulista (a principal competição estadual do País) é permanecer na Série A-1. O que vier além disso é lucro.  

Pois o Santo André e o São Bernardo estão no lucro maior, enquanto o Água Santa de Diadema escapou do terceiro tri de sobe num ano e desce no ano seguinte.  

Melhor que isso? Só se o Santo André ou o São Bernardo, ou os dois, superarem a próxima etapa, nesta semana, na disputa das quartas de final.  

No ano que vem, pela terceira vez na história, o Grande ABC contará com três equipes na Série A-1 do Paulista. Um quarto participante, o milionário São Caetano, vai ter de ficar na fila da Série A-2, quem sabe com mais dificuldades para subir.  

GRANDES SURPRESAS  

A equipe não chegou nem entre as oito primeiras classificadas e não disputará a etapa de mata-mata que determinará a subida das duas primeiras colocadas.  

Ficar na fila de espera não é bom negócio para o São Caetano agora sob a direção do mesmo grupo que controla a Feira da Madrugada, na Capital.  

No ano que vem as dificuldades prometem ser maiores. Afinal, os incríveis rebaixamentos de Ponte Preta e Novorizontino devem determinar desigualdade na competição. As duas equipes integram a Série B do Campeonato Brasileiro.  

Esse é o ponto que torna os dois rebaixamentos algo tão surpreendente como desafiador à exumação dos motivos.  

34 EM 90 PONTOS  

O futebol do Grande ABC disputou 90 pontos na fase de classificação da Série A-1 do Campeonato Paulista. Ganhou 34 pontos, ou 37,77% do total.  

Nessa contabilidade não estão incorporados os nove pontos dos três confrontos diretos, quando o Santo André venceu o São Bernardo por um a zero no Estádio Bruno Daniel, empatou de um a um com o Água Santa em Diadema e o São Bernardo venceu o Água Santa em Diadema por um a zero. 

Os três times da região marcaram 27 gols e sofreram 31 na competição ao fim da fase de classificação. Também não estão contabilizados os gols dos clássicos regionais.  

Agora, contando todos os jogos, inclusive os três clássicos locais, o desempenho em termos de gols teve o Santo André como ponteiro, com 11 marcados e 10 sofridos. O São Bernardo marcou nove e sofreu 10 e o Água Santa fez 11 gols e sofreu 15. Já na soma de pontos, o São Bernardo fez 16, o Santo André fez 15 e o Água Santa apenas 11.  

ÁGUA DERRETE 

O time de Diadema escapou do rebaixamento na penúltima rodada, embora houvesse possibilidade matemática a tirar o sono dos mais pessimistas na rodada final. A sorte do Novorizontino, que somou apenas três pontos, e da Ponte Preta, com nove, já estava traçada.  

A Ponte chegou à rodada final com oito pontos e apenas empatou em casa com o Ituano de dois a dois. Precisava vencer e contar com série combinada de resultados improváveis. Como a derrota da Ferroviária para o Mirassol, em Araraquara.  

A grande decepção da região, embora tenha se mantido na Série A-1, é o Água Santa. O time se desintegrou durante a competição. Perdeu vários jogadores por contusão e o técnico Sérgio Guedes foi demitido. O jogo de aproximação virou apelação na medida em que os conhecimentos repassados por Sérgio Guedes sumiram do radar de treinamentos. Mais um pouco o Água Santa teria derretido de vez.  

De 38 para 22. 

Se ao encerramento da primeira metade da fase de classificação o Água Santa somava sete pontos em 18 disputados (38,88% de aproveitamento), ao fim, após 12 jogos, só chegou a 11 (22,22% na segunda metade e 33,33% no total).  

O São Bernardo também perdeu a embocadura das seis primeiras rodadas, quando acumulava 11 pontos ganhos. Um aproveitamento muito maior que na metade seguinte, quando chegou ao total de 16 pontos. Ou seja: de 61,11% de aproveitamento para 27,77%, o que resultado na média final de 44,44%.  

O Santo André que ao término da sexta rodada classificatória dava sinais claros de limitações ofensivas, com baixa intensidade e infiltrações, melhorou acentuadamente na metade seguinte. Tanto que saiu de apenas seis pontos ganhos e atingiu 15. Ou seja: na primeira metade o índice de aproveitamento não passava de 33,33%, e na segunda metade chegou a 50,0%. No cômputo final, produtividade de 41,66%.  

NOVA ETAPA  

O que se deve esperar do Santo André e do São Bernardo nas quartas de final? Os números mostram que o Santo André está em ascensão técnica e tática, mas o clube-empresa Bragantino-Red Bull, da Série A do Campeonato Brasileiro, joga em casa, tem mais qualidade e dificilmente deixará escapar a vagas às semifinais.  

Mas convém não subestimar o Santo André. A história prova que a teoria nem sempre se acerta com a prática. 

Quanto ao São Bernardo diante do São Paulo, no Morumbi, nesta terça-feira, tudo vai depender do equilíbrio da equipe da região, fundamentalmente forte na marcação e objetiva nos contragolpes.  

Esperar do São Bernardo o jogo mais coreografado do Santo André é bobagem.  Trata-se de um time que mistura a garra típica da Série A-2, de onde veio recentemente, à qualidade de algumas individualidades. Mas, sobretudo, ao desprezo pelo espetáculo. É um time de resultados.  

POUCOS GOLS  

Tanto que em 12 jogos marcou apenas nove gols e sofreu 10. Nenhuma outra equipe teve tão poucos gols nos 12 jogos disputados. Foram 19 no total, com saldo negativo de um gol. No Santo André, a soma de gols marcados e gols sofridos chega a 21 gols, com saldo positivo de um gol.  

O líder Palmeiras contou com 20 gols nos 12 jogos, dos quais 17 a favor e saldo de 14. As demais equipes foram mais extravagantes, com números próximos ou superiores a 30, mas sempre muito mais positivos que as equipes da região.  

Como não poderia deixar de ser, por conta de abissais diferenças de investimentos, Santo André e São Bernardo são coadjuvantes nas quartas de final. Mas não necessariamente eliminados. A missão de permanecer na Série A-1 foi cumprida. 

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