Quatro novas respostas
que Bigucci jamais daria
DANIEL LIMA - 26/03/2024
Prosseguimos com a Entrevista Especial com Milton Bigucci. Como se sabe, o dirigente do Clube dos Construtores não respondeu ao questionário de CapitalSocial. A omissão já era esperada. Afinal, Bigucci é especialista em propagar discurso de convergência quando seus interesses corporativos e institucionais estão em jogo. Jornalista bom para Milton Bigucci é jornalista sem aptidão ou liberdade para retirá-lo da trincheira de privilégios midiáticos. Ainda restam seis questões a serem respondidas por CapitalSocial, à falta mais que esperada de posicionamentos de Milton Bigucci.
CAPITALSOCIAL – Como o senhor explicaria o fato de que, fundada em 1988, a Acigabc, que chamamos de Clube dos Construtores, jamais produziu um planejamento sequer sobre uso e ocupação do solo urbano levando-se em conta conceitos de qualidade de vida?
RESPOSTA – O que o dirigente Milton Bigucci diria sobre o que sempre desprezou o colocaria entre a cruz da mentira e a espada de invenção. Por isso, Milton Bigucci preferiu o silêncio acovardado. Ou não é silêncio acovardado omitir-se ante responsabilidade social explícita numa mídia que, todos sabem, não tem rabo preso com ninguém? Mais que isso: por que Milton Bigucci se apresenta como defensor da sociedade regional em forma de empreendedorismo e não presta contas do que andou fazendo ao longo de quatro décadas como dirigente de classe? O Clube dos Construtores é mais que uma entidade mequetrefe, quando se leva o conceito de responsabilidade social como fonte de inspiração a empreendedores, contribuintes e a demanda imobiliária. O Clube dos Construtores é uma fraude que o próprio estatuto denuncia.
CAPITALSOCIAL – O senhor entende que o comportamento do Secovi e das entidades associadas foi adequado quando do escândalo da Máfia do ISS em São Paulo, em novembro de 2013?
RESPOSTA – O escândalo do ISS em São Paulo, em 2013, foi uma conjunção de prevaricadores do lado do Estado, os fiscais em questão, e de oportunistas do outro lado do balcão. A roubalheira causou apenas alguns estragos a poucos malfeitores. O Secovi esconde o passivo sob o tapete. A MBigucci, envolvida nas tramoias, jamais veio a público para relatar participação e, mais que isso, encaminhamento de acerto de contas junto ao Erário Público.
CAPITALSOCIAL – O Clube dos Construtores tem uma tradição de recorrer a recursos da instituição-mãe, o Secovi, Sindicato da Habitação de São Paulo, para manter-se de pé, dando conta de despesas corriqueiras. Essa situação mudou nos últimos anos, a partir da chegada breve de três anos do presidente Marcus Santaguita, que, em seguida, voltou a ceder o cargo de presidente a um Bigucci, no caso um de seus filhos?
RESPOSTA – Informações mais recentes de profissionais que atuam no Clube dos Construtores e também de filiados dão conta de que, sem passar o pires de apoio do Secovi, o milionário Clube dos Construtores sempre sob a tutela de Milton Bigucci não teria como fechar as contas. Mas o fechamento de contas é quase nada e não tem muito significado além a categoria propriamente dita caso a atuação institucional não fosse um passo atrás do outro em inoperância social. Defender exclusivamente seus interesses é meia-sola de protecionismo num ambiente regional que exige transversalidade para mitigar os efeitos do empobrecimento continuado neste século. Os dados sobre o PIB Tradicional e o PIB de Consumo são um convite à prostração da economia da região. O Clube dos Construtores navega nas águas da degringolada socioeconômica sem nenhum constrangimento.
CAPITALSOCIAL -- O senhor acha que o Clube dos Construtores representa para valer o setor na região ou o que se efetiva mesmo é a reunião de um grupo bastante restrito de empresários?
RESPOSTA – O Clube dos Construtores representa apenas algumas empresas do setor na região. Os pequenos negócios imobiliários sempre foram banidos do baile de preocupação de classe. A elite do mercado imobiliário da região, e mesmo assim com baixa representatividade, é o resumo da entidade. Nem mesmo há preocupação ética, colocada em risco e sob intenso bombardeiro de irregularidades que nem sempre aparecem na mídia. Afinal, como reunir aparato de informações que sempre colocam os adquirentes de imóveis a um passo de contrariedades se a entidade que deveria cuidar para valer do mercado imobiliário está restrita a poucos participantes e, mais que isso, se omite diante de casos escandalosos como a Máfia do ISS e também da Máfia do Semasa, que marcou a trajetória do mercado imobiliário de Santo André durante a gestão do então prefeito Aidan Ravin?
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