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Ramalhão cai de novo, Tigre respira
e Azulão chega ao G8 do Paulista

  DANIEL LIMA - 11/04/2011

A crônica anunciada do rebaixamento do Santo André à Série B do Campeonato Paulista se consumou no final de semana. Melhor para o São Bernardo, que venceu o clássico no Estádio Primeiro de Maio por 2 a 1 e, com uma combinação de resultados, depende exclusivamente da própria força, na última rodada da fase classificatória, domingo no Canindé contra a Portuguesa, para permanecer na Série A. E o São Caetano entrou pela primeira vez no G8, depois de superar o Corinthians no Pacaembu. Agora só depende de uma vitória em casa contra o Linense, que luta para não cair, para ir às quartas-de-final.

As possibilidades de o São Caetano completar a fase classificatória com vaga garantida no G8 estão acima da expectativa que a penúltima rodada gerava. Ganhar do Corinthians e contar com a derrota do Paulista em casa diante da Portuguesa foram combinação perfeita, porque o time de Ademir Fonseca independe de terceiros. E ainda pode dar uma ajuda ao São Bernardo.

Até mesmo com um empate diante do Linense o São Caetano vai às quartas-de-final, desde que o Paulista de Jundiaí não vença o Santos na Vila Belmiro, a Portuguesa não passe pelo São Bernardo no Canindé e o Americana não vença o Grêmio em Presidente Prudente. É lógico que isso é apenas uma alternativa abusada. Convém não brincar com a sorte.

Candidatíssimo à oitava e última vaga às quartas-de-final, o São Caetano pode terminar a rodada de domingo em sétimo lugar. Com isso, enfrentaria o segundo colocado na próxima etapa. Seja sétimo ou oitavo, o São Caetano não escapa: vai enfrentar São Paulo ou Palmeiras nas quartas-de-final.

A reação do Azulão no campeonato merece comemoração porque chegou a frequentar a zona de rebaixamento e a se perder nas penumbras de posicionamentos quem nem cheiram nem fedem. Até que chegou a rodada do final de semana. Tudo isso é resultado principalmente da qualidade técnica do elenco, o melhor entre os times médios do futebol paulista. Ainda longe de um arranjo tático esfuziante, o São Caetano deu mostras contra o Corinthians que pode engrenar a qualquer momento e incomodar os favoritos.

São Caetano, Paulista, Portuguesa e Americana disputam a última vaga ao G8. O Azulão conta com 80% de possibilidades de sucesso, contra 15% da Portuguesa, 4% do Paulista e apenas 1% do Americana.

Já para o rebaixamento só restam duas vagas. Santo André e Grêmio Prudente se despediram da competição. Ituano, Noroeste, São Bernardo, Linense, Botafogo e Bragantino jogam domingo para não cair. De fato, o confronto entre Ituano e Noroeste, em Itu, determinará o terceiro rebaixado. Um empate rebaixa os dois times, por conta de pontuação e de critérios de desempate. Quem vencer pode safar-se. Principalmente se for o Noroeste, que somaria 20 pontos e quatro vitórias. O perdedor vai para o beleléu.

Ao São Bernardo até o empate pode servir, além de até uma derrota ante a Portuguesa. Para isso, Ituano e Noroeste precisam empatar. Em caso de um vencedor em Itu, uma derrota diante da Portuguesa levaria o São Bernardo a fazer companhia ao Santo André. Por isso mesmo é melhor vencer.

Veja a classificação detalhada dos quatro times que disputam uma vaga ao G8, lembrando que número de vitórias é o primeiro critério de desempate, e saldo de gols o segundo.

1. São Caetano, 26 pontos ganhos, sete vitórias e dois gols de saldo.

2. Paulista, 25 pontos ganhos, sete vitórias e dois gols de saldo.

3. Portuguesa, 25 pontos, sete vitórias e nenhum gol de saldo.

4. Americana, 23 pontos, sete vitórias e dois gols de saldo.

A classificação detalhada das equipes que correm o risco de ocupar as duas últimas vagas ao rebaixamento:

1. Bragantino, 19 pontos, cinco vitórias e oito gols de saldo negativo.

2. Botafogo, 19 pontos, quatro vitórias e oito gols de saldo negativo.

3. Linense, 18 pontos, cinco vitórias e 10 gols de saldo negativo.

4. São Bernardo, 18 pontos, cinco vitórias e 14 gols de saldo negativo.

5. Noroeste, 17 pontos, três vitórias e 12 gols de saldo negativo.

6. Ituano, 15 pontos, quatro vitórias e 14 gols de saldo negativo.

Os jogos deste domingo envolvendo essas equipes: São Caetano vs. Linense, Botafogo vs. Mirassol, Ituano vs. Noroeste e Bragantino vs. Mogi Mirim, além de Portuguesa vs. São Bernardo.

Quanto às probabilidades de rebaixamento, eis os resultados:

1. Ituano, 60%

2. Noroeste, 50%

3. São Bernardo, 40%

4. Linense, 40%

5. Botafogo, 5%

6. Bragantino, 5%.

Um resumo da rodada regional

O São Bernardo ganhou o clássico de sábado diante do Santo André quando o resultado mais justo seria o empate. Menos mal que a justiça não prevaleceu, porque a igualdade teria afundado as duas equipes. A preparação do São Bernardo durante a semana fez bem à equipe. Diferentemente do Ramalhão, ameaçado nas páginas do Diário do Grande ABC pelo presidente Ronan Maria Pinto, que prometeu renunciar em caso de rebaixamento. Imaginem o estado emocional do grupo.

Enquanto isso, soube-se depois que o São Bernardo reuniu durante os treinamentos até familiares dos jogadores para transmitir serenidade ao grupo. E serenidade não faltou à equipe. O teste de fogo foi o gol do Santo André aos 18 do segundo tempo. Até então, tudo indicava que se caminhava para um zero a zero frouxo, já que as duas equipes abusaram de cuidados defensivos. O gol levou o São Bernardo a ousar. Estevam Soares fez mudanças técnicas e táticas que levaram a equipe ao ataque. Em nenhum instante o Tigre deu sinais de desespero. E contou sim com o apoio do público, que em larga parcela virou torcida.

É claro que o São Bernardo terá de jogar bem mais contra a Portuguesa para escapar da queda. É impressionante como a equipe caiu de produção. Cadê aquele time de personalidade que enfrentou o Santos na Vila Belmiro, o Palmeiras no Canindé, o Corinthians no Primeiro de Maio? Cadê o volume de jogo, cadê as transposições laterais e centrais? Tudo isso tem faltado ultimamente. Quem sabe domingo seja o dia da redenção?

Já o São Caetano que venceu o Corinthians no Pacaembu demonstrou que reúne um grupo de jogadores que, quando exigidos, dão respostas. A solidificação do sistema defensivo não é uma conclusão que choca com o fato de o goleiro Luiz ter feito grandes defesas. É natural que haja pressão de um time do porte do Corinthians após sofrer dois gols.

É fato que o São Caetano recuou demais no segundo tempo, que perdeu a qualidade de passe para neutralizar a aceleração de jogo do adversário, que permitiu infiltrações centrais, tudo isso é verdade. Mas não se pode esquecer que do outro lado estava o Corinthians, mesmo um Corinthians sem inspiração. Inspirado estava o meia Ailton, sempre às costas do meio de campo adversário para iniciar os contragolpes.

E o que dizer de Thiago Martinelli, um zagueiro que se transforma em volante, situação muito mais vantajosa taticamente para a equipe do que de volantes que se tornam zagueiros. A diferença entre uma coisa e outra é que zagueiro que vira volante dá qualidade à saída de bola do meio de campo e reforça a marcação em determinadas situações de avanço dos defensores. Já volante que vira zagueiro, terceiro zagueiro, abre um buraco no meio de campo e nem sempre se dá bem como reforço defensivo. Thiago Martinelli é desses zagueiros-volantes que todo treinador sonha contar, porque ele quebra o sistema de marcação do meio de campo adversário jogando praticamente livre na distribuição. E pensar que muitas equipes não contam nem mesmo com um zagueiro-zagueiro de performance equilibrada como Thiago Martinelli.

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