Administração Pública

Morando vai ao governador
pela regionalidade na saúde

  DANIEL LIMA - 21/07/2023

Uma fonte segura me garantiu ontem à tarde, ao abrir o sigilo (vou tentar ir mais a fundo nos próximos dias) da informação nos seguintes termos: que eu diga a toda a nação gataborralheiresca  (vejam só que discurso!) que a maior liderança política da região junto ao governo do Estado, o prefeito Orlando Morando, aprovou de imediato a proposta deste jornalista na área da saúde.  

Orlando Morando vai ao governador para solicitar a criação de um Departamento Regional de Saúde hoje centralizado na Capital, sede da Região Metropolitana de São Paulo  -- como escrevi ontem. 

Fiz o pedido público ao prefeito de São Bernardo única e exclusivamente porque o prefeito de São Bernardo tem proximidade com o governador do Estado.  

Bem diferente do antagonismo implícito, mas nem por isso inconsequente do Clube dos Prefeitos, que agora está sob direção do PT.  

SHOW PARTIDÁRIO  

Faz parte do show partidário do Clube dos Prefeitos o condicionamento político-partidário. Não é ideal, não é de hoje, mas é a realidade insofismável.   

Se Orlando Morando está dizendo através de terceiros, se terceiros de Orlando Morando se identificam de fato com o prefeito de São Bernardo, e se o prefeito de São Bernardo mandou dizer, quem sou eu para não acreditar?  

Minhas relações com o prefeito de São Bernardo são boas. Ele jamais choramingou críticas aqui digitadas, embora tenha toda a liberdade para tanto. Como os demais prefeitos, aliás. O contraditório fértil é um santo remédio contra autoritarismo de qualquer espécie.  

Não tenho com Orlando Morando proximidade semelhante com a que tenho com o prefeito de Santo André, Paulinho Serra. Estive uma meia dúzia de vezes com Paulinho Serra no Paço de Santo André e menos com Orlando Morando em São Bernardo.  

FONTES, FONTES  

Convenhamos que isso nem proximidade é, porque já se passaram mais de seis anos desde que assumiram. Gostaria de ter mais, mas nada é insubstituível.  

Um grande jornalista e escritor norte-americano (Gay Talese)  fez o melhor e impecável perfil do cantor Frank Sinatra sem ouvir Frank Sinatra. Ouviu gente que conhecia Sinatra. 

Paulinho Serra e Orlando Morando são inimigos e não tenho nada a ver com isso. Tanto quanto não tinha nada a ver com isso quando eram amigos. Quem provavelmente tem a ver com isso e com aquilo são terceiros abusados e oportunistas.  

Se levasse em conta interesses pessoais, teria tudo para ser mais amigo de Paulinho Serra do que de Orlando Morando. Paulinho Serra me chamou três vezes para ajudá-lo na Administração de Santo André. Morando, nenhuma. Nesse ponto, Paulinho foi mais competente que Morando.  

Não tenho mais idade nem ego para propagandear o que todos sabem. Seria com os dois pés nas costas e uma bala no pescoço o melhor secretário de Desenvolvimento Econômico da história do ABC Paulista. Entre outras razões porque formaria um time de primeira. Meu sonho de idiota a serviço de causas perdidas é preparar aulas de regionalidade para a juventude estudantil da região.  Evitaríamos impostores que mentem o tempo todo.  

MAIS DEPARTAMENTOS 

Se Morando disse que vai lutar junto ao governador Tarcísio de Freitas por uma regional da Secretaria de Saúde do Estado, num processo de modernização integral da área, como já está executando o governador do Estado, então é melhor começar a comemorar. 

 A gestão regionalizada da saúde é um desastre. O Coronavírus deixou um rastro de passivos por falta de competência do Clube dos Prefeitos.  

Orlando Morando não costuma chutar para fora e comemorar um gol virtual. É um prefeito menos arremetido que o vizinho.  

Estava esquecendo o que disse mais o mensageiro de Orlando Morando: o prefeito de São Bernardo mencionou que outras regiões da Grande São Paulo provavelmente solicitem medidas semelhantes a que vai levar ao governador.  

Diria que nada é mais lógico. Aliás, quando escrevi ontem sobre o assunto pensei em fazer esse adendo, mas o deixei a uma próxima abordagem. A Região Metropolitana de São Paulo é pauta constante de CapitalSocial. Há 788 textos no acervo desta revista digital que tratam desse monumental espaço humano.  

MONSTRUOSIDADE  

Quem olha o ABC Paulista sem se dar conta da monstruosidade metropolitana precisa de cuidados psiquiátricos.  

Nada natural, portanto, que o entorno de aglomerados de municípios da Capital do Estado também se veja na mesma situação de exclusão do ABC Paulista.  

A imensidão da Região Metropolitana de São Paulo recomenda mesmo a abertura de pelo menos quatro unidades do Departamento Regional de Saúde. São 22 milhões de habitantes numa das maiores concentrações populacionais do mundo.  

É impossível dar conta do recado de transformações pretendidas pelo governador sem mexer nesses vespeiros sabotadores da saúde sob os cuidados do Poder Público. 

Na medida em que vou escrevendo acabo me lembrando de mais alguns fiapos de informações repassadas pelo enviado especial do prefeito de São Bernardo.  

SERRA SUPRIME 

Disse também o titular do Paço Municipal da Capital Econômica do ABC Paulista que já chegou a existir na região uma unidade do Departamento Regional de Saúde, desativada pelo então governador do Estado, José Serra. 

Procurei nos arquivos digitais e não encontrei nada. Mas se o prefeito Orlando Morando disse, está dito. Vou pesquisar mais a respeito.  

Provavelmente encontrarei mais informações, mas, dadas as circunstâncias e os contextos, sou capaz de apostar que aquela configuração desativada não teria nada com a configuração planejada pelo governador Tarcísio de Freitas. 

 Entre outras razões, entrou em campo um tal craque chamado tecnologia, que carrega algoritmos e outras ferramentas que facilitam a vida dos humanos no território da Ciência, entre outras especialidades. E coisas mundanas também. 

Notaram os leitores que, na manchetíssima aí em cima (manchetíssima é um neologismo que criei para identificar a manchete das manchetes dos jornais de cada dia, estampada, claro, na primeira página) fiz questão de usar o verbete “regionalidade” ao invés de “regionalização”?  

ATO DE REGIONALIDADE 

Vou explicar por que fiz essa opção, que tem tudo a ver com o que escrevi ontem, principalmente a quem desconhece determinadas nuances territoriais e sociológicas, por assim dizer, e também aqueles que pensam que sabem, mas não sabem nada porque jamais souberam e têm vergonha de aprender. 

A intervenção de Orlando Morando para trazer à região uma unidade do Departamento Regional de Saúde e, com isso, instalar esse território num organograma e num cronograma de maiores visibilidades, seria um ato de regionalidade possível do ABC Paulista dentro da regionalização estadual proposta pelo governo paulista.  

Isso não quer dizer que a regionalidade proposta por Orlando Morando dentro da regionalização do governo estadual seja um puxadinho ou algo que diz respeito à regionalidade retaliada e jamais integralmente operacionalizada pelo Clube dos Prefeitos, marca popular que dou ao Consórcio de Prefeitos.  

MUITA FRUSTRAÇÃO  

Ou seja: o Departamento Regional de Saúde do ABC Paulista no interior da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo seria um novo e relevante quadradinho inserido no mapa paulista que conta com 17 unidades administrativas, como escrevi ontem, sendo apenas uma como representante da Região Metropolitana de São Paulo.  

Contar com o suporte político, institucional e mesmo pessoal de um prefeito disposto a levar adiante uma sugestão claramente indispensável à região é uma enorme satisfação jornalística. A função que exercemos não tem outro significado senão estimular transformações.  

Há quem veja nessa missão, exatamente porque não a exercem com o devido respeito e isenção, pecados que enxergam no próprio espelho.  

Se fosse reproduzir apenas os primeiros trechos dos textos que constam do arquivo desta publicação digital, somando-se aos textos também aqui digitados de quase 20 anos da revista de papel LivreMercado, possivelmente seriam necessárias milhares de páginas de papel em livro temático para demonstrar o quanto já oferecemos de medidas para alterar o rumo da derrocada regional, principalmente nas esferas econômica e social.  

MUITO DIFERENTE  

Diferentemente portanto de outras mídias, que acumulam contradições porque objetivos não se enquadram numa bitola de coerência e retidão ética, LivreMercado/CapitalSocial só tem a lamentar os fracassos em que se meteu por falta de sensibilidade de agentes públicos e privados ou porque esses protagonistas temem o perfil de independência editorial.  

Entretanto, por maisque essa constatação seja constrangedora, garanto que o resultado é muito mais reconfortante quando confrontado com terceiros que tomaram caminhos distantes dessas premissas e igualmente quebraram a cara ao exibirem portfólios de estultices combinadas.  

O mais recente exemplo de decepção deste jornalista com os agentes públicos da região (e que talvez não se converta em algo permanente, porque ainda tenho esperança de mudança) está num texto que escrevi esta semana.  

BLOCO DE AÇÕES  

Trata-se de um bloco de ações (mais um, aliás) que proponho ao Clube dos Prefeitos, sob nova direção, agora petista, depois da patética gestão direta e indireta do tucano Paulinho Serra. 

Até agora, entretanto, não me foi dada resposta alguma. Lamento que o interlocutor do Clube dos Prefeitos, membro da diretoria, que, outro dia, me convidou para um café com outro dirigente da entidade, ainda não se tenha pronunciado. Estou pronto para, pessoalmente, explicar em detalhes cada item daquelas sugestões.  

É verdade que aquele bloco de propostas parece hermético, porque sintetizado. Foi proposital. Há elasticidade implícita naqueles enunciados que exige atenção e cuidado expositivo.  

Um exemplo? Está ali uma reprodução quase intraduzível em forma de compreensão de uma proposta que fiz há vários anos visando a estabelecer relações menos ordinárias e criminosas entre veículos de comunicação e o setor público. Um exemplo?  

PRÊMIO À VERDADE 

Por intervenção do Clube dos Prefeitos, os Legislativos municipais deveriam criar premiação constitucionalmente sustentável para remunerar mídias com parte do valor monetário recuperado de denúncias fundamentadas de escândalos que resultaram em prejuízos ao erário público. Todos ganhariam: os administradores públicos vítimas de coerções e as mídias eticamente responsáveis.  

Quem tem garrafa de idoneidade editorial para vender iria comemorar a iniciativa. Os contribuintes, ainda mais. Nada melhor, acreditem, para acabar com a farra de dinheiros espúrios para a mídia e para mostrar quem depende de favores extras como combustível a patifarias informativas.

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