DECADÊNCIA ECONÔMICA 
 E DECADÊNCIA IMOBILIÁRIA                                                                                                  
   DANIEL LIMA - 12/09/2025
  DANIEL LIMA - 12/09/2025
Está na hora do prefeito Gilvan Júnior se livrar de parte dos passivos dos antecessores e também mandar às favas premissas inócuas de quem o colocou no cargo máximo do Poder Executivo de Santo André. E a oportunidade, uma das muitas, está colocada. Que tal Gilvan Júnior revolucionar ou começar a revolucionar o tecido imobiliário de Santo André com um plano moderno, avançado, sistemicamente produtivo?
O desativado Moinho São Jorge, colocado como moeda de pagamento de impostos municipais, e o esqueleto do Hospital Jardim, igualmente sob restrições fiscais, são apenas duas peças testemunhais de concreto da decadência econômica e imobiliária da ex-capital econômica da região. Essa decadência está ao vivo e em cores em cada esquina e em estudos fartamente produzidos por este jornalista, na contramão do jornalismo fastfoodiano.
Num mundo municipalista ou regionalista que contemplasse compromisso social de organizações públicas e privadas, Gilvan Júnior nem precisaria se preocupar com arranjos institucionais para conduzir o que sugiro preliminarmente. Tanto Gilvan Júnior quanto os demais prefeitos encontrariam facilidades para levarem adiante qualquer projeto nesse sentido. Não é o caso, entretanto.
TORRES E MAIS TORRES
Infelizmente, no caso específico, o que seria uma boa pedida, não passa de ilusão. Do que se trata? Já imaginou se o mequetrefe Clube dos Construtores, de poderes centralizados na Família Bigucci, fosse organização com responsabilidade corporativa para valer e uma organização extensivamente social? Claramente teríamos, com outras instituições, um planejamento cooperativo que colocaria o mercado imobiliário num patamar de civilidade, competitividade e qualidade de vida, não o que temos nas praças regionais a entupir ruas e avenidas como rescaldo de ganância mercantilista.
Só ao meu redor, em São Bernardo, no Jardim do Mar, há uma dezena de novas edificações verticalizadas a disputar o mesmo espaço linear dedicado a veículos. Não pode dar certo, como se vê em vários nichos da região e imensas áreas da Capital do Estado. E a tendência é aumentar a densidade ocupacional da pior forma possível, com verticalização insana. Cada vez mais casarões desocupados ou subocupados viram pó.
A maximização do lucro da banda podre do mercado imobiliário não tem limites tanto quanto a parceria com camadas de comandos das prefeituras. Tudo fica ainda pior em cidades que não dialogam mais com critérios de mobilidade social. É a farra do boi no pior sentido possível.
MERCANTILISMO DEMAIS
Mas, entretanto, porém e todavia, como pretender que mercantilistas imobiliários ajam com humanismo é arrematada ingenuidade, vamos ao pragmatismo. Afinal, o que poderia fazer o prefeito de Santo André para mitigar mais estragos no ambiente imobiliário?
Há várias alternativas não excludentes, ou melhor, interativas, que poderiam ser colocadas em prática num plano especial de recuperação, revitalização e fortalecimento da Economia de Santo André a partir de ações reformistas no uso e ocupação do solo já ocupado ou por conta do destino econômico cruel também desativado. São os casos emblemáticos mas nem por isso únicos do Moinho São Jorge e do Hospital Jardim, que ganharam destaques nos últimos dias.
Um inventário minucioso detectaria uma Santo André que se encontra não só na bancarrota imobiliária em grandes áreas como uma Santo André à espera de inteligências associativas. O que isso significa? Continue a leitura e encontrará a resposta básica.
FROUXIDÃO PÚBLICA
Encontrar a rota corretiva de uma Santo André a cada dia mais decadente no campo econômico não é tarefa de uma gestão ou mesmo de algumas gestões coordenadas e sob o mesmo propósito. É apenas o começo do começo do que não pode ser adiado. Por isso, é preciso botar a mão na massa.
Ao invés da informal e ruinosa Secretaria de Efeitos Especiais, coordenada e manipulada por marqueteiros de plantão que só vendem ilusão, Gilvan Júnior deveria estruturar um grupo multissetorial, com foco no mercado imobiliário conjugado com planejamento econômico. Com isso, bombardearia a frouxidão pública que domina o Grande ABC. Quem sabe, com isso, os demais prefeitos deixem de ser garotos de propaganda igualmente contemplados por marqueteiros e passem a operar plataforma de mudanças perceptíveis e, mais que isso, mensuráveis sem mistificações.
Não vou detalhar algumas ideias sobre o que chamaria de revolução imobiliária em Santo André e no Grande ABC como um todo tendo como norte uma projeção de resultados positivos em uma década. Posso garantir que não registraria a estupidez cometida ainda outro dia por um representante da venerável Família Bigucci.
CAMBORIÙ NÃO É AQUI
Quem não se lembra que esse representante imobiliário bradou aos quatro cantos que o Grande ABC quase pós-industrial e longe de ser polo turístico, até por falta de proximidade física com o Oceano Atlântico, deveria copiar o Plano Diretor do Balneário de Camboriú, em Santa Catarina, badalado reduto de milionários estrelados de todos os matizes do Brasil minoritário.
Lembro que projetar reação num período mínimo de uma década significa que o tiro de partida dado é tiro de partida com força motora imparável, desde que não haja interrupção de aventureiros que venham a ocupar o Paço Municipal.
Exatamente por não fazer a lição econômica de casa que Santo André e o Grande ABC como um todo correm à velocidade 30% abaixo do crescimento do PIB nacional. E a média nacional, como se sabe, é uma vergonha internacional.
A Operação Salvamento Imobiliário e Econômico de Santo André não teria como ignorar a prioridade do Centro Velho. De vez em quando dou uma passadinha por lá, especialmente para agendar exames médicos, e fico em dúvida se estou mesmo em Santo André ou em Bangladesh.
O espetáculo de submundo é dantesco para os padrões médios de renda per capita de Santo André, apesar dos pesares de quedas pronunciadas dessa métrica ao longo das três últimas décadas.
É impossível não sentir impacto emocional. Quando desembarquei na região em 1968, vindo do Interior de São Paulo, o Centro de Santo André era outros quinhentos. Houve deslocamentos de consumidores com a chegada de shoppings, com nichos típicos do Bairro Jardim, entre outros fatores, mas o empobrecimento imobiliário conjugado com a fragilidade do comércio de rua, coalhado de placas de venda e aluguel, é de lascar.
PERIFERIA EMPOBRECIDA
A periferia de Santo André que desemboca no Calçadão da Oliveira Lima é uma corrente humana que destroça qualquer teoria de suposta resistência da Economia local. A briga de foice de perdas acumuladas se rivaliza com outra corrente humana, também cada vez mais caudalosa, que se utiliza cada vez mais do transporte ferroviário rumo à Capital.
Esperem quando o metrô chegar. A festa dos ignorantes vai acrescentar mais danos colaterais. Que se multiplicarão insidiosamente com o extermínio de pequenos negócios provocado pelo desembarque de varejistas asiáticas, principalmente, nos centros logísticos locais, antigas fábricas.
Prefeitos que festejam a chegada desses atravessadores que vêm do outro lado do mundo, movidos a mão de obra escrava e de poder de fogo econômico imbatível, não sabem o que fazem. Ou sabem, mas preferem jogar a bomba às próximas gerações de mandachuvas e mandachuvinhas.
Haverá sempre um precatório milionário a ser postergado e comemorado. O contribuinte sempre paga a conta dos incompetentes públicos.
EIXO DESMONTADO
Portanto, o plano econômico-imobiliário para Santo André, que se estenderia aos demais grandes municípios da região, não seria uma enganação. Para tanto, bastaria o prefeito Gilvan Júnior contar com alguns intervalos cognitivos do que era regra geral de Celso Daniel: que pense no futuro fora da caixinha de mediocridades que o antecederam e de outros que o cercam. Que não seja, portanto, mais um nome a ser acrescentado à história de incompetência geral de Santo André.
Celso Daniel deixou o legado do Eixo Tamanduatehy que os sucessores dilapidaram e sepultaram. Preferiram obras viárias que atravessam a Avenida dos Estados sem complementariedade econômica, além de especulações sobre discutíveis ganhos logísticos residuais. Gilvan Júnior precisa sair do casulo que divide com gente sem brilho, sem responsabilidade, mas materialmente ambiciosa demais.
Passaram-se oito meses desde a posse e nada disso foi sequer insinuado. Distante disso. Gilvan Júnior segue o receituário propagandístico do grupo do qual faz parte o ex-prefeito Paulinho Serra. As dissensões internas só aumentam a preocupação de quem prefere pensar no futuro. Afinal, disputa-se espaço de poder interno enquanto a cidade está desgovernada no critério de encontrar a bussola desenvolvimentista.
Leia mais matérias desta seção:
23/10/2025 RAPA GERAL APÓS O DESASTRE DE DILMA
22/10/2025 SANTO ANDRÉ: PIB DESABA, MAS IMPOSTOS DÃO SALTO
19/09/2025 MORANDO VENCE FÁCIL PAULINHO E AURICCHIO
12/09/2025 DECADÊNCIA ECONÔMICA E DECADÊNCIA IMOBILIÁRIA
03/09/2025 PAULINHO PERDE OUTRA VEZ PARA ORLANDO E AURICHIO
29/08/2025 PAULINHO PERDE DE NOVO PARA MORANDO E AURICCHIO
28/08/2025 PAULINHO PERDE PARA MORANDO E AURICCHIO
21/08/2025 DE BRAÇOS DADOS COM SECRETÁRIOS SUSPEITOS
14/08/2025 BRASILEIRO DE QUALIDADE DE VIDA: PERDEMOS DE NOVO
848 matérias | página 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85
