Administração Pública

Paulinho Serra precisa de
mais Coop e menos COP

  DANIEL LIMA - 14/12/2023

A Coop, maior cooperativa de consumo da América Latina, deveria servir de benchmark à Administração de Paulinho Serra. Mas a Coop de excelência em competitividade diante dos maiores players do varejo nacional e internacional é santo da casa que não faz milagre.  

Paulinho Serra preferiu uma viagem de marketing a Dubai, onde lhe arranjaram um puxadinho sem importância num painel da COP, evento voltado para o clima influenciado nesta temporada por grandes companhias petroleiras. 

Os poucos versados em economia, em competividade, em tudo que signifique desafios, não vão entender o recado. Vão até mesmo considerá-lo despropositado. Afinal, ignorantes de pedra, questionarão: o que têm a ver gestão de uma Prefeitura e a gestão de um empreendimento privado, mesmo que seja associativo? 

A resposta é simples: referenciais diretos e indiretos de competividade estão em todas as atividades como vasos comunicantes. A Coop é um case especial nesse aspecto. Tão especial que durante os 15 anos em que produzi o Prêmio Desempenho, a participação da Coop sempre registrou os melhores resultados nas análises de conselheiros preparados para tanto.  

VITRINE DO SUCESSO  

A Coop é um sucesso há muito tempo. Cheguei ao ponto de pensar até mesmo em tornar a cooperativa hours-concurse no Prêmio Desempenho. Afinal, a cada temporada sempre surgia uma novidade triunfante.   

O prefeito Paulinho Serra e assessores diretos deveriam imergir nas águas profundas da experiência em regionalidade, por assim dizer, da Coop. Encontrariam por analogia ou diretamente uma abrangente pauta à adaptação na Administração da Prefeitura.  

Ter a Coop como exemplo a ser seguido implicaria em muito trabalho, muita atenção, muito desprendimento. Não é nada fácil enfrentar as grandes redes de consumo. Pois a Coop não só as enfrenta como as supera. Resiste bravamente e cresce sem parar em unidades e em faturamento. 

A vitrine de sucesso da Coop está nas lojas. O ambiente, o atendimento, o layout, a luminosidade, a oferta de produtos, tudo isso e muito mais a colocam em patamar muito acima da concorrência. Quem vê uma unidade da Coop, qualquer uma, aleatoriamente, e conhece as lojas Americanas, por exemplo, vai compreender como uma corporação é o que é e como a outra corporação também é o que é. A gestão da pasta de Desenvolvimento Econômico na Prefeitura de Santo André está descolada do contexto histórico de sólidos rescaldos a mitigar.  

QUESTÃO DE ADAPTAÇÃO  

Os conceitos de competitividade da vitoriosa Coop são adaptáveis a organizações de diferentes atividades, inclusive do setor público. Lidam-se diariamente com o imediatismo tanto quanto com o amanhã. Decisões imediatas e planejamento de médio e longo prazos constam do cardápio de adaptabilidade e superação de desafios.  

Juro que gostaria de contar com uma aula magna dos diretores da Coop, tendo à frente a liderança de José Antonio Monte, várias vezes laureado pessoalmente ou corporativamente pela Editoria Livre Mercado e o Prêmio Desempenho.  

A Coop é um feixe de microcases de sucesso que, quando unificados em forma de organização movida a inovações e investimentos, torna-se uma máquina de novidades e de aplicabilidade prática.  

Vou mais longe: não fossem os administradores públicos tão autossuficientes, principalmente Paulinho Serra, o mais bajulado entre todos, porque conta com a oficialidade de uma mídia servil, há muito um cursinho intensivo de atualização estratégica já teria sido consagrado como fonte de inspiração a novos tempos na região. 

Produzi ao longe de minha carreira, nos vários veículos de comunicação aos quais dediquei meu trabalho, muitas centenas de cases de sucesso que viraram informação jornalística. Desde os primeiros tempos do Diário do Grande ABC, passando pela Agência Estado (do Estadão e do Jornal da Tarde) e, principalmente, na revista Livre Mercado, predecessora de CapitalSocial, tenho quilômetros digitados e editados de textos diversos. 

Sem contar, claro, o que consumo como leitor principalmente do jornal Valor Econômico, com exemplos diários de cases em que a palavra competitividade abarca todo o restante em matéria de eficiência corporativa pública ou privada. 

CLUBE DOS PREFEITOS  

O exemplo de décadas de sucesso da Coop também deveria inspirar a direção do Clube dos Prefeitos, agora sob o controle de petistas da região. Os dirigentes precisam cair na realidade do pragmatismo em empreendimentos institucionais que tanto fazem falta à região. O Clube dos Prefeitos, todos sabem, é um case institucional fadado à lata do lixo. Depois da morte de Celso Daniel, virou um empastelamento de promessas e lorotas. Alguns áulicos, mais que suspeitos, pretendem até hoje dourar a pílula.  

Ainda outro dia o Clube dos Prefeitos realizou em evento fadado e consumado ao fracasso. As pautas definidas estão em desacordo com o tempo e com as circunstâncias. Teriam servido nos anos 1990, quando o Clube dos Prefeitos foi lançado por Celso Daniel. Hoje, aquela pauta é um olhar míope pelo retrovisor. Proliferam injunções desconectadas da realidade e das necessidades. Os efeitos mais que comprovados do desastre econômico regional proliferam sem cessar.   

Possivelmente se transportaria para hoje, como símbolo emblemático da defasagem do Clube dos Prefeitos, e mesmo de várias prefeituras, uma foto ou uma série de fotos das antigas instalações da Coop no período em que Celso Daniel, em dezembro de 1990, criou aquela instituição. O que separa os dois mundos corporativos é que a Coop evoluiu constantemente, se atualizou, ganhou musculatura e refinou os cérebros que a conduzem. E o Clube dos Prefeitos é um fóssil institucional.  

CAOS PANDÊMICO 

Fico a imaginar o quanto os estrategistas da Coop poderiam ter colaborado com o Clube dos Perfeitos se chamados fossem para o combate à pandemia do Coronavírus, período no qual a direção da entidade bateu cabeça e foi incapaz de organizar qualquer iniciativa conjunta envolvendo os sete municípios.  

Por mais que pareça estranho e até mesmo desproposital misturar combate à pandemia e comércio varejista, tenham os leitores a certeza de que haveria conceitos básicos que ligariam o conhecimento dos executivos da Coop à tomada de medidas sistêmicas inspiradas nas práticas diárias de enfrentamentos agudos para superar a concorrência.  

Se não houvesse nada a repassar, bastaria a maturidade e o reconhecimento de que somente o trabalho em equipe poderia alterar o rumo dos acontecimentos. Uma região mais desenvolvida economicamente que o Distrito de Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, não poderia de forma alguma registrar números equivalentes de óbitos provocados pelo vírus quando se contabilizam os dados de acordo com a incidência para cada grupo de 100 mil habitantes. 

Não duvidem os leitores da aplicabilidade da experiência dos executivos da Coop às necessidades institucionais da região, principalmente de Santo André excessivamente triunfalista. Repito para que não haja dúvida: não duvidem da aplicabilidade. 

QUÍMICA E JORNALISMO  

E vou dar um exemplo de sucesso de benchmark que apliquei à frente da revista LivreMercado, depois de retornar de uma entrevista com Nívio Roque, executivo da OPP Polietilenos, no Polo Petroquímico, encontro no qual o anfitrião sempre cavalheiro só faltou nos recepcionar com banda de música. 

Acha o leitor possível que haveria algo a migrar para o campo do jornalismo tendo como inspiração uma empresa petroquímica? Sinceramente, você acha possível tamanha transfusão operacional? 

Pois foi o que aconteceu. Voltei com uma ideia fixa na cabeça. Por que não puxar para a redação de LivreMercado o conceito de multifuncionalidade da OPP no campo de produção?  

A empresa, naqueles tempos de redução de custos e multiplicação de funções, fez espécie de lipoaspiração operacional com a preparação dos profissionais à execução de várias tarefas correlatas. A compartimentação entre vários operários perdeu a vez para o agregado de tarefas. Um único profissional passou a cuidar de todas as ações impostas pelo uso de determinado equipamento.  

VALOR AGREGADO  

Não foi nada que supostamente levasse a ter como exemplo a simplificação de troca de cobrador de ônibus, entregando-se a tarefa ao motorista. Não, nada disso. Era o encadeamento de competências individuais antes exercidas por vários funcionários.  

Com base naquilo que ouvi de Nívio Roque, introduzi na redação de LivreMercado algo semelhante. Os jornalistas passaram a mais que fazer entrevistas e a escreverem, entregando o produto a terceiros na cadeia de produção. Nada disso: os jornalistas também passaram a escolher as fotos, a prepararem as legendas, a definirem os títulos das matérias e a entregarem tudo pronto para uma revisão final e consequente publicação. 

Escrevi muito sobre essa experiência. As vantagens subsequentes foram inúmeras. A produtividade aumentou assustadoramente. Cheguei ao ponto de ir mais longe ainda: criei metodologia que passou a escrutinar a qualidade de cada matéria produzida. Resultado? Passei a ter o domínio do quanto custava à empresa cada grupo de 100 palavras publicadas e, mais que isso, qual era o nível hierárquico de qualidade. Com isso, criei um painel de controle com diversos indicadores. Algo inédito no jornalismo.  

BORRALHEIRISMO EM DUBAI  

Principalmente o prefeito Paulinho Serra, bajulado maior entre os administradores públicos da região, deveria compreender que uns dias de passeio em Dubai podem até mesmo virar marketing de sucesso diante do borralheirismo regional, mas, de fato, para valer, preto no branco, a convocatória de todos os executivos da Prefeitura a conhecerem a vitoriosíssima Coop valeria muito mais a pena.  

Para completar, puxo do site da Coop informações relativas ao ano de 2021. A defasagem temporal não tem importância alguma nesse caso. O que se segue é uma cópia do que consta do portal da companhia. Minha preocupação é levar aos leitores que supostamente não conhecem a Coop, nada mais que a Coop como ela é, ou seja, estrategicamente sempre atual, mesmo que o tempo supostamente tenha a forma de passado recente.   

COOP COMPETITIVA  

Nascida como um armazém para abastecer os funcionários da Rhodia, na cidade de Santo André, a Coop cresceu e chega aos 67 anos de fundação, totalmente alinhada com as tendências do mercado e comprometida com os princípios do cooperativismo e do ESG, além de figurar no ranking Top 300 do World Cooperative Monitor 2020.   

Em um ano de grandes desafios por conta dos reflexos econômicos deixados pela pandemia, a Coop ousou no segmento farma e até setembro deste ano inaugurou 22 drogarias, sendo 4 unidades de rua e 18 dentro das galerias da rede BIG.  

Até o final de 2021 deverá ser inaugurada a 80ª unidade, sendo a primeira na cidade de Mogi-Guaçu. “Com as novas drogarias, ampliamos geograficamente nossa área de atuação e hoje estamos em várias cidades do estado de São Paulo. Além disso, o negócio Drogaria já representa 18% do faturamento total da rede e, somente neste ano, cresceu 12% em relação ao mesmo período do ano anterior”, explica Marcio Valle, presidente executivo da Coop. O negócio Supermercado também vai muito bem. “É difícil fazermos comparações com 2020, haja vista que naquele ano o comportamento do consumidor e a jornada de compra sofreram grandes mudanças – como mais pessoas se alimentando em casa e maior incremento do e-commerce.  

COOP COMPETITIVA 

Para produzir comparações mais adequadas, neste ano estamos com crescimento nas vendas na ordem de 11,5% em relação a 2019”, destaca Valle. Os cooperados e clientes ainda contarão nas próximas semanas com algumas novidades em serviços farmacêuticos e em produtos no PDV. Em 2022, o e-commerce estará totalmente em operação. Para isso, uma nova equipe está em campo para realizar os últimos ajustes no sistema Coop Entrega, bem como no aplicativo da rede, Sempre Coop.  

Cumprindo sua responsabilidade social, a Coop continua investindo pesado em ações direcionadas à preservação do meio ambiente, como instalação de biodigestor para decompor alimentos; parceria com a startup Molécoola, voltada para a logística reversa; áreas específicas para descarte adequado de medicamentos, eletroportáteis, lâmpadas, óleo de cozinha, dentre outros itens. A Coop também continua ampliando seus programas para a capacitação de colaboradores, visando sempre à excelência do atendimento.  

COOP COMPETITIVA 

Está em estudo a Universidade Coop e, no início do segundo semestre deste ano, a Coop Drogaria lançou o programa Aprender a Crescer, o qual concede bolsas de estudos com cobertura de 70% do valor do curso de Farmácia de quatro anos para 36 balconistas e dermoconsultores da rede.  

Atualmente a Coop possui cerca de 6 mil colaboradores diretos, mais de 900 mil cooperados ativos e 113 unidades de varejo, divididas em 31 lojas de supermercado, sendo 23 no Grande ABC, uma em Piracicaba, três em São José dos Campos, duas em Sorocaba e duas em Tatuí, três postos de combustíveis e 79 drogarias. Por ser uma cooperativa, seu principal objetivo é oferecer os melhores serviços a preços justos, além de reverter benefícios aos cooperados e à comunidade. 

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