Administração Pública

Paulinho Serra, bom de
voto e ruim de governo (13)

  DANIEL LIMA - 22/04/2024

A Administração de Paulinho Serra é a principal responsável pelo futuro do Santo André que desenhei ter virado o presente desastrado destes dias. A transformação do Esporte Clube Santo André em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) defendida por este jornalista há mais de três anos encontrou na gestão de Paulinho Serra o maior obstáculo. Os resultados são os piores possíveis.

O clube se tornou cada vez menos competitivo dentro e fora dos gramados e acabou de cair para a Segunda Divisão do futebol paulista, a Série A-2. E segue sem força para disputar a Série D do Campeonato Brasileiro. Ou seja: o Santo André ocupa a Sexta Divisão do futebol brasileiro.

O que os leitores vão acompanhar abaixo já completou dois anos. É uma das análises que fiz sobre o potencial de desastre que impactaria o Santo André dependente da vontade autoritária da Administração de Paulinho  Serra, no caso a concessão do Estádio Bruno Daniel.

A resistência do Executivo aperta a corda no pescoço gerencial do Santo André até agora. E tudo indica que vai durar ainda mais. Você vai entender o que se passa com a negativa de liberar o Estádio Bruno Daniel para facilitar o desembarque de investidores interessados em adquirir o controle do Esporte Clube Santo André. É uma novela com final horroroso até agora.

O rebaixamento desta temporada enfiou o futuro próximo do Santo André num beco quase sem saída, porque agora faltam investidores. Ou podem aparecer investidores prontos à desova.

A manchetíssima que escolhi para a análise que segue abaixo poderia ter parecido exagerada há dois anos, mas hoje soa como cântico de ingênuos, porque tudo se consumou. O putinismo esportivo de Paulinho Serra e asseclas se comprovou deletério ao Esporte Clube Santo André.

A direção do clube se mantém diplomática, provavelmente para evitar retaliações. Nem as torcidas organizadas se mobilizam, porque estão sob o controle de agentes públicos, especialmente do vereador e até outro dia secretário de Esportes Marcelo Chehade. É assim que a máquina pública imperialista opera. A sociedade desorganizada aceita tudo. E ainda bate palmas às versões manipuladas por um marketing de poder a qualquer custo.

Paulinho Putin quer fazer do

EC Santo André uma Ucrânia   

 DANIEL LIMA - 25/02/2022

O prefeito Paulinho Serra pode ser chamado circunstancialmente de Paulinho Putin, numa referência explícita ao mandachuva russo que invade a Ucrânia? Claro que sim. Paulinho Putin imagina que o Esporte Clube Santo André é a Ucrânia esportiva da vez. E ensaia uma invasão territorial a pretexto de proteger os contribuintes ou coisa parecida. Até parece que apaniguados do mercado imobiliário sob as asas da Prefeitura são agentes santificados. 

A Administração do prefeito Paulinho Serra tanto está fazendo para dificultar a concessão do Estádio Bruno Daniel que a possibilidade de o Esporte Clube Santo André adotar a SAF e virar Santo André Sociedade Anônima corre risco. O que poderia ser agilizado possivelmente será retardado.  

Ainda não é possível afirmar, mas a tendência da direção do clube é protelar a iniciativa porque já está encontrando resistência de consultorias especializadas em busca de parceiros. O mercado da bola dita o futuro do futebol do Esporte Clube Santo André.  

FUTURO MICO? 

A voracidade do Paço Municipal é um desastre. Seria ótimo se houvesse esse ímpeto com o Desenvolvimento Econômico de quem ocupa a Sexta Divisão no Campeonato Paulista de PIB Per Capita. 

O Esporte Clube Santo André pode se tornar um mico porque a Prefeitura acena com uma espécie de invasão que fere o padrão de cessão de espaços municipais, no caso o Estádio Bruno Daniel. É evidente que a adoção de um sobrenome metafórico não incrimina o prefeito Paulinho Serra no campo humanístico, por assim dizer. É um desvio fruto de insensibilidade cultural.  

O modelo intervencionista da gestão de Paulinho Serra, também Paulinho Putin, está na raiz do problema que cerca a concessão do Estádio Bruno Daniel.  

Tem-se a impressão de que a Prefeitura do tucano está se convertendo em empreendimento imobiliário com finalidades comerciais. Se esse desejo visa potencializar os recursos arrecadatórios, nada pior. Vai mais atrapalhar do que ajudar.  

INTERVENCIONISMO MESMO 

As declarações do secretário de Assuntos Estratégicos, José Police Neto, que conhece pouco a história do Santo André, deixam claro o ímpeto intervencionista, que tem a diplomacia verbal como ferramenta diversionista.   

Por causa de pressões de terceiros, especialmente no Paço Municipal e no entorno do Paço Municipal, os dirigentes do Esporte Clube Santo André vão negar que o embaralhamento da concessão do Estádio Bruno Daniel não é o ponto principal.  

Mas não só é o ponto principal como também é o único ponto para avaliações mais contidas na busca de um modelo empresarial.  

A concorrência por investimentos no futebol como negócio está longe do que se imaginava. Acreditava-se que haveria mais procura do que oferta.  

É exatamente o contrário disso: há muitos mais clubes à procura de parcerias do que de investidores de olho nos clubes associativos ou já empresariais que seguiriam o roteiro da SAF. 

CONCORRÊNCIA DESIGUAL  

E mesmo com essas limitações, a procura tem se concentrado nas equipes da Série A e Série B do Campeonato Brasileiro. Há escalada ainda embrionária que teria os clubes da Série C com possibilidades de entrar no foco de interesses.  

Quem não tem calendário nacional vai ficar na fila. A Série D não é competição que agregue valor potencial de negócios do futebol em forma de SAF.  

Trata-se de competição desclassificatória que só premia os quatro primeiros colocados com acesso à Série C. Quem não chega entre os quatro primeiros colocados volta a disputar vaga nas competições estaduais para tentar classificação de novo à Série D do ano seguinte.  

Nas demais divisões do futebol brasileiro, há predefinição de quem sobe e de quem desce, ou seja, os quatro primeiros e os quatro últimos colocados. Os demais seguem nas respectivas divisões.  

ABANDONO HISTÓRICO  

A direção do Esporte Clube Santo André não quer dar murro de teimosia na ponta de faca de desgaste inútil.  

A concessão do Estádio Bruno Daniel é ponto visceral que não pode sofrer qualquer tentativa de invasão a pretexto, como se tem utilizado nos discursos dos secretários de Paulinho Serra, de que os recursos dos contribuintes precisam ser respeitados. 

Isso é mais que conversa mole para os ingênuos acreditarem quando se sabe que o Estádio Bruno Daniel jamais foi objeto de preocupação da maioria dos prefeitos que passaram por Santo André. 

Tanto que o setor de marquise, concebido de forma harmônica, foi implodido durante a gestão do prefeito Aidan Ravin. Vinha de longas jornadas de abandono. E mesmo até outro dia o Bruno Daniel estava repleto de problemas de infraestrutura. Até o elevador estava desativado.  

PRESSÃO AJUDA  

Só houve melhorias recentemente, inclusive com a implantação de gramado artificial. Tudo por causa de pressões que o prefeito Paulinho Serra não suportava mais. O desgaste o incomodava.  

O Santo André jogou praticamente dois campeonatos inteiros fora de casa. O Bruno Daniel foi, inclusive, instrumento de marketing durante a pandemia da Covid. Virou hospital de campanha. Raros foram os estádios de futebol no País que chegaram a tanto. Havia alternativas de sobra para reforçar o atendimento.   

Ainda sobre o estado do gramado artificial, muito elogiado ontem pelo secretário José Police Neto em live do Diário do Grande ABC, há reclamações de atletas que jogaram até agora. É visível que o maior estorvo à prática de um futebol mais qualificado nos tempos de gramado natural segue sendo o piso argiloso,  duro e repleto de saliências. E insuficientemente preparado.  

A bola que rola no Estádio Bruno Daniel artificializado é uma bola mais viva, mais arisca, do que a bola que rola no Estádio Allianz Parque, do Palmeiras, também de gramado artificial.  

Se a bola que rola no Estádio Bruno Daniel com gramado artificial rola sobre o mesmo piso de terra batida e dura dos tempos de gramado de verdade, não há como ser diferente o destino da bola de vocação à pipoca.  

SEM COMPLICAÇÕES   

E invadir a seara do Esporte Clube Santo André é o que o prefeito Paulinho Serra e secretários estão levando adiante como a naturalidade de quem atua como comerciantes, embora sejam agentes públicos.  

Há informações de fontes seguras de três consultorias especializadas que observam com atenção todo o cenário nacional voltada ao negócio do futebol. Seus executivos são objetivos: quanto menos intervenção houver do Poder Público na concessão dos estádios, mais haverá potencial de entendimentos com empresários.  

E ressaltam: acreditar que existe dinheiro a rodo para comprar clube associativo ou já empresarial é acreditar em Papai Noel. Com a inflação subindo a ladeira e os juros de elevador, quem tem dinheiro pensa mil vezes antes de sacá-los.  

E não é apenas isso que coloca em risco o Esporte Clube Santo André virar Santo André Sociedade Anônima e não ter as respostas de investidores que interessa.  

HIATO PREOCUPANTE  

A iniciativa que reorganizaria a estrutura do futebol do representante da cidade em competições oficiais poderia elevar os custos a cada dia sem que o negócio do futebol seja sacramentado. 

Dessa forma, possivelmente haverá um hiato que pode ser longo e cansativo que colocaria o Esporte Clube Santo André às portas do Santo André Sociedade Anônima, mas não daria o passo seguinte, de consumar a mudança, porque não haveria com quem negociar. 

Há vantagens fiscais na legislação recentemente aprovada que incentivam a adoção de SAF, mas a direção do Santo André vai mais fundo: há contratempos internos, não revelados, que não compensariam a transformação. Exceto com um parceiro que agregue valor. E que seja atendido na concessão do Estádio Bruno Daniel longe da volúpia dos agentes públicos.  

As recentes entrevistas de dois secretários do prefeito Paulinho Serra tiveram efeitos devastadores junto às consultorias especializadas.  

METENDO O DEDO  

Tanto Marcelo Chehade quanto José Police Neto evidenciaram a obsessão da gestão de Paulinho Serra em meter o dedo numa temática que desconhecem. Todos querem uma intervenção oportunista na gestão do Estádio Bruno Daniel, colocando em risco, portanto, a autonomia que o empreendedorismo privado não abre mão.  

A expectativa de que o modelo adotado pela Prefeitura de São Bernardo seria seguido em Santo André, porque é o padrão quando envolve equipes de pequeno e médio porte, está se frustrando.  

A Prefeitura de São Bernardo receberá R$ 3 milhões em 100 parcelas e deixará de gastar anualmente cerca de R$ 2 milhões na manutenção do espaço. O São Bernardo Futebol Clube, agremiação empresarial, ficará responsável por todos os gastos de manutenção e investimentos. 

DIFICULDADE DE ACERTAR  

Na live de ontem do Diário do Grande ABC, Police Neto, supersecretário de Paulinho Serra, chegou a rivalizar trapalhadas com o também secretário (de Esportes) Marcelo Chehade. O resumo da entrevista de Police Neto merece uma comparação para que se compreenda o quanto foi inapropriada.  

Basta imaginar alguém que quer vender um carro (o que a Prefeitura quer mesmo é dinheiro em troca da concessão, não dinheiro normal da concessão padrão como em São Bernardo, mas de intervenções que vão além disso) e começa a sensibilizar o potencial comprador com informações relevantes, mas aos poucos vai colocando tantas restrições que, ao fim, não sabe se atuava mesmo como vendedor ou comprador. 

Um exemplo das contradições de Police Neto: ele aventou a possibilidade de o Estádio Bruno Daniel virar uma arena multiuso, mas, em seguida, ponderou, que a concorrência com a Capital tão próxima, e de alternativas mais amplas, inclusive de estádio de futebol como o Allianz Parque e o Morumbi, tudo seria mais difícil.  

REFORÇO IMPORTANTE 

Police Neto é um executivo público disputado por prefeitos que querem sair da barafunda da improvisação e que tenham humildade para permitir que se lancem alguns projetos que poderiam dar cara de modernidade à Administração.  

O prefeito Paulinho Serra não teve como desprezar um talento desses. Há vários projetos que ajudam a sugerir que Paulinho Serra não é um prefeito qualquer.  

O problema de Police Neto é que não tem intimidade com os negócios do futebol, nomeou uma comissão com viés público sem raízes de empreendedorismo privado e vai levar ao prefeito um prato feito que nem ao menos sugeriu à avaliação de representantes do Santo André. 

No fundo, no fundo, o que Police Neto e sua equipe estão fazendo já causaram efeitos colaterais. Antecipam pontos pantagruélicos do edital e assustam o mundo do futebol.  

O que se sabe preliminarmente é que o Esporte Clube Santo André pretende incorporar ao projeto de SAF um regramento esportivo-social que possibilitaria maior entranhamento da agremiação com a sociedade.  

Não seria, portanto, uma nova agremiação sem compromisso com a história do clube. Nada, entretanto, que crie embaraços. O pressuposto é que o negócio do futebol será muito melhor para os empreendedores que adotarem medidas integrativas com os consumidores, que também são torcedores. 

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