Regionalidade

CLUBE DOS PREFEITOS:
PROPOSTAS À DIREÇÃO

  DANIEL LIMA - 17/07/2023

Poderia ser o dobro, mas fico com a metade que, de fato, é o que temos. São 10 propostas para que a nova direção do Clube dos Prefeitos do ABC Paulista (Consórcio Intermunicipal de Prefeitos) saia do estágio de anestesiamento crítico, organizacional, operacional e resolutivo e volte a ser alguma coisa parecida com os anos 1990, quando Celso Daniel, prefeito de Santo André, meteu o dedo nas feridas da região. Feridas que se tornaram metástase.

Não mais que em 10 minutos em que me meti computador adentro, ontem à tarde, depois de ver na TV os clássicos do Rio e de São Paulo (o do  Rio foi bem melhor) fiz a relação que está abaixo. 

Como diria Picasso à admiradora que se assustou com o valor de uma obra-prima, não são apenas 10 minutos. São muito mais que os 33 anos de aprofundamento nas questões regionais, ou seja, anteriormente até à criação da revista LivreMercado em 1990 e a revista digital CapitalSocial 2001. 

O tempo que se conta em determinadas contas não é o tempo de fato consumido para que a conta seja bem feita. 

O que mais quero neste mundo regional é que as respostas para o que segue abaixo sejam efetivas. 

Chega de suportar enrolações que descem e sobem o morro de retóricas vazias. 

Acho que o secretário-executivo Mario Reali e seu fiel escudeiro, José Fonseca, com experiência no Executivo de Diadema, podem sim dar uma nova dimensão ao Clube dos Prefeitos. Até porque piorar seria impossível. 

HERANÇA DANOSA 

A herança  não é de fácil deglutição operacional. O antecessor Paulinho Serra, quer como titular absoluto do Clube dos Prefeitos, quer como dominador por trás das câmaras, é o pior prefeito dos prefeitos que o ABC Paulista já conheceu. 

Numa análise que vou preparar para um dia desses, explicarei tudo detalhadamente. Ser o pior prefeito dos prefeitos do Clube dos Prefeitos não é tarefa para qualquer um. É preciso se exceder mesmo. Paulinho Serra caprichou. Ele acha que tem cobertura midiática suficiente para mistificar a realidade. Não é bem assim. A verdade sempre aparece. Como, aliás, tem aparecido nas páginas da mídia que tanto o protege. Basta ler o que os novos dirigentes do Clube dos Prefeitos pretendem. 

O que interessa agora mesmo e para valer é que o que se segue abaixo é o mais importante. O momento é propício porque o contexto politico nacional favorece. 

Pode ser que o momento político regional e estadual não seja o ideal, e não é mesmo, mas nestas alturas do campeonato, a força do PT em Brasília e de seus aliados na região, que se derrama no Clube dos Prefeitos,  vale muito.

Não vou dar detalhes sobre o que são as 10 propostas. Quem me acompanha sabe do que se trata. Somando-se as expressões “Clube dos Prefeitos”, utilizada há vários anos, e as anteriores “Consórcio de Prefeitos” e “Consórcio Intermunicipal” são quase mil artigos em nosso acervo. 

É lógico que vou preparar um texto complementar, resumido, para um outro dia. O que interessa agora, para valer mesmo, é apresentar uma vitrine temática. 

CONVITE FEITO 

Ainda outro dia recebi convite informal para um café com os novos dirigentes do Clube dos Prefeitos. O encontro deverá se efetivar se opositores à reestruturação regional não fizerem pressão. Eles agem na surdina. 

O obstáculo ao encontro também está nas minhas condições de mobilidade. Mais que de mobilidade, mas de repercussão da mobilidade restritiva. Não vou entrar em detalhes sobre isso. 

O que posso resumir é que tenho dificuldade de conciliar as duas coisas – me deslocar fisicamente e manter a resistência físico-cognitiva em ordem. Por isso tenho me mantido praticamente recluso. Gosto de supermercados. Vejo gentes e não preciso pensar e falar muito. 

O que posso dizer aos leitores que eventualmente não acompanham o dia a dia da região ou mesmo aos que acompanham mas não se atinam às especificidades é que o que se segue são questões que há muito poderiam ter sido resolvidas ou levadas a programas de execução que espalhariam confiança e credibilidade no ambiente regional. 

OUTRO PATAMAR 

Estaríamos, portanto, em outro patamar como potência econômica que se esvai a cada nova temporada.  Somos todos caçadores de coelhos em campo aberto. Não conseguimos apanhá-los. E eles, os coelhos, marotos, ainda nos provocam com cutucadas nos fundilhos. 

Estou botando fé nas possibilidades de darmos alguns saltos positivos nos próximos tempos porque sinto atmosfera diferente no Clube dos Prefeitos. 

Mário Reali e Joel Fonseca não vão perder a oportunidade que o destino lhes concede de provar em primeiro lugar que não passaram pela experiência de lidar com Diadema à toa. 

Segundo, que não querem somar duas novas identidades individuais  às já historicamente mediocrizadas nos balanços da instituição. 

Terceiro, porque somente com muitos erros e fracassos eles colocariam em dúvida que Paulinho Serra é o pior exemplo à frente do Clube dos Prefeitos. 

Paulinho Serra é uma péssima referência de descuido, despreparo, negligência, oportunismo e sobretudo de partidarismo à frente daquela que poderia ser a maior instituição regional do País. 

Que o novo presidente do Clube dos Prefeitos, Marcelo Oliveira, prefeito de Mauá, não se deixe contaminar pelo passado ainda recente. 

VEJA AS PROPOSTAS 

Vamos, então, de forma suscinta, às 10 propostas que poderiam ser o dobro e o serão se for necessário expandir em conexão com a focalização a soluções de curto, médio e longo prazos.

1. Reorganização do sistema logístico, direcionando-o prioritariamente ao campo econômico como o envolvimento da Avenida dos Estados, Anchieta, Imigrantes e o trecho sul do Rodoanel num arcabouço de ramificações menos nobres mas importantes.  

2. Construção de estratégias para tornar realidade a Cidade do Plástico nos territórios de Santo André e Mauá, por conta do Polo Petroquímico.

3. Conversão da Universidade Federal do Grande ABC em aliada estratégica com a inserção incisiva de recursos humanos em instituições acadêmicas e produtivas das sete cidades.

4. Constituição de um Conselho Consultivo integrado por representantes da sociedade comprovadamente qualificados e não necessariamente vinculados a instituições privadas e públicas.

5. Desenvolver estudos detalhados sobre prós e contras com o anúncio de investimentos no transporte público de massa, casos do BRT e do metrô, previstos para os próximos anos, retirando-os do exclusivo conteúdo  de acessibilidade e incluindo vetores econômicos.

6. Dinâmica de comunicação social das reuniões do colegiado de modo que as assembleias tenham a participação da sociedade ao invés de se manterem como terrenos de debates secretos e inalcançáveis aos contribuintes.

7. Plano Estratégico Econômico regional que leve em conta entre outros aspectos a imperiosidade de se favorecerem políticas de sinergia e complementaridade da indústria de transformação. 

8. Plano Estratégico Econômico regional que leve em conta a necessidade de se criarem mecanismos em rede na área de serviços para beneficiar atividades específicas e gerais sem canibalismos, sobreposições e desperdícios de investimentos.

9. Introdução do mecanismo de revezamento automático na ocupação do cargo de presidente de colegiado, levando-se em consideração exclusivamente o rodizio aleatório, ou seja, sem vinculo com o momento político-eleitoral ou de qualquer outra motivação.

10. Criação de mecanismos legais que permitam a integração regional no campo de ética e moralidade públicas que motivem a participação da sociedade e dos meios de comunicação como potenciais freios a escândalos. 

Leia mais matérias desta seção: