DEBATE VIRTUAL COM 
 PAULINHO SERRA (16)                            
   DANIEL LIMA - 06/10/2025
  DANIEL LIMA - 06/10/2025
Pisquei, confesso humildemente que pisquei. Pisquei tarde, mas pisquei. Fiquei 15 rodadas domingueiras seguidas alimentando o contraditório com um político fugidio. Cai na besteira de esticar a conversa virtual, até que a ficha de esperança, mas também de teimosia, finalmente caiu. Pisquei para valer.
Estou jogando a toalha. Chega desse debate de tergiversações de quem não tem o que mostrar. Pisquei, pisquei e pisquei três vezes diante dos olhos esbugalhados dos textos assinados por Paulinho Serra, claramente produzidos por terceiros.
Perdi, perdi mesmo. Perdi muito tempo com algo sem importância alguma, porque quando o outro lado é um outro lado falacioso, mistificador, mentiroso e outras coisas mais, insistir no erro passa a flertar também com a estupidez.
Quando afirmo que o ex-prefeito de Santo André é mentiroso, entre outras qualificações críticas, não estou sendo agressivo, muito menos desrespeitoso. Estou apenas exprimindo a confluência de fatos comprovados com oratória espetaculosa. Paulinho Serra sabe ou deveria saber que foi um administrador de Santo André muito aquém das imperiosidades impostas pela desindustrialização. Paulinho Serra sabe que não precisaria ser espetacular como prefeito, porque seria sobre-humano a quem quer que fosse. Bastaria que, como construtor de um presente de oito anos, se tornasse terraplenagem a futuros comandantes do Paço Municipal.
TERRAPLENAGEM
Um administrador público de valor não se limita ao período de mandato ou mandatos que exerce. Muitas vezes deixa legados que valem por século. Veja Celso Daniel sem ideologia intolerante e entenda o que quero dizer.
Nesta décima-sexta edição de “Mais Gestão, Menos Polarização”, mote sem conexão alguma com o passado do prefeito Paulinho Serra e, pior ainda, completamente divorciado do próprio enunciado de anteposição entre uma coisa e outra, nesta décima-sexta edição, repito, só tenho mesmo de comunicar aos distintos leitores que estou caindo fora dessa tentativa de tirar Paulinho Serra da couraça de ilusionismo em que se meteu.
Dizer que pisquei primeiro ao abandonar essa disputa tem o sentido embutido de que, quem sabe, Paulinho Serra caia do pedestal do autoengano e resolva a qualquer instante topar a sugestão que formulei antes que virasse colunista do Diário do Grande ABC.
Vamos para um debate virtual sério, com regras mutualmente definidas. Vamos lá. Os temários seriam preponderantemente vinculados a Santo André e à região como um todo, mas também pode ter flexibilidade em direção a outros territórios, à macroeconomia como um todo. Vamos testar a capacidade de confronto produtivo entre um jornalista que não tem limites de tempo, de horário e de entraves para dedicar-se diariamente à conjuntura regional, nacional e internacional, e um ex-prefeito que passou 15 dias em Harvard e se proclama especialista em políticas públicas.
PISCAR, PISCAR
Acho que quem ganharia com isso seriam os leitores e a sociedade como um todo. Há tantas questões que este jornalista colocaria à mesa de debates entre outras razões para que Paulinho Serra possa explicar o que jamais explicou, porque sempre teve a cobertura da mídia adocicada a embalar sonhos eleitorais.
O embate virtual que procuro com o ex-prefeito desde sempre é um desafio também para mim, porque sei que enfrentarei não apenas o ex-comandante do Paço de Santo André, mas, na retaguarda deles, os assessores marqueteiros que o tornaram algo que não se converte em materialidade na hora da onça de esclarecimentos beber a água de convencimento.
Chego a pensar com enormes doses de razão que Paulinho Serra não resistiria a um teste de fogo que lhe proporia. Como assim? Já que Paulinho Serra tanto fugiu da proposta que reafirmo agora, que tal se submeter juntamente comigo a um teste de quem pisca primeiro que descarte os olhos etimologicamente bem definidos e enverede por outro tipo de olho metaforicamente de domínio popular. Garanto que Paulinho Serra não escapará dessa.
Segue a coluna de “Mais Gestão, Menos Polarização” de Paulinho Serra. Temos um manual técnico de enfrentamento ao desastre do metanol. Nada mais que um manual dos marqueteiros de plantão.
Crise do Metanol: o
veneno da falta de gestão
O Brasil convive, em 2025, com uma tragédia que poderia ter sido evitada: a intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas. Casos já foram confirmados em São Paulo, Pernambuco e outros Estados, resultando em mortes, internações e sequelas irreversíveis em sobreviventes. Segundo o Ministério da Saúde, ao menos 195 casos de intoxicação foram registrados em diferentes regiões do País, levando à criação de uma sala de monitoramento emergencial. Em São Paulo, 14 casos já foram confirmados, com duas mortes atestadas e outras em investigação. Em Pernambuco, dois óbitos foram associados à ingestão de bebidas adulteradas. Infelizmente, a lista de vítimas tende a aumentar, revelando a gravidade do problema.
O perigo invisível do metanol
O metanol (álcool metílico) é uma substância altamente tóxica, que pode ser confundida com o etanol (o álcool) comumente presente em bebidas. Incolor e de sabor suave, em pequenas doses já provoca danos devastadores: 10ml podem causar cegueira irreversível; 100ml podem ser fatais. No corpo humano, o metanol se transforma em formaldeído e ácido fórmico, atacando o sistema nervoso, a retina e os rins. Os sintomas são insidiosos: começam com náusea, tontura e mal-estar, evoluindo para distúrbios visuais, confusão mental, coma e morte. Essa característica dificulta o diagnóstico precoce e torna a rápida intervenção médica fundamental.
Crise e falhas estruturais
Esse surto revela problemas antigos do Brasil: falhas de fiscalização, gestão frágil de órgãos reguladores e deslizes no controle das cadeias produtivas. Enquanto uma parte da sociedade e da política discute polarizações e disputas midiáticas, tragédias evitáveis ocorrem numa cena paralela.
1. Fiscalização e vigilância insuficientes
O papel das vigilâncias sanitárias estaduais e municipais deveria ser ativo e preventivo – inspecionar distribuidores, bares e fabricantes, recolher amostras suspeitas, verificar documentação e origem dos produtos. No caso atual, muitos lotes adulterados parecem ter circulado livremente antes de serem detectados. Alguns estabelecimentos foram interditados tardiamente: em São Paulo, já foram fechados bares como o Ministrão, além de outros na Capital e na Região Metropolitana.
2. Desestruturação das agências reguladoras
A Anvisa, agência responsável pela vigilância sanitária federal, deveria atuar como respaldo técnico, diagnóstico, normativo e de supervisão em casos como esse. Contudo, sua atuação depende da cooperação com diversos níveis de governo, dotação orçamentária e capacidade técnica local. Em muitos casos, fiscalização de bebidas alcoólicas adulteradas esbarra em falta de recursos, pessoal e atuação integrada com forças policiais e de inteligência.
3. Fragmentação institucional e ausência de coordenação
A crise do metanol mostra como a desarticulação entre esferas (federal, estaduais, municipais) e entre órgãos (saúde, polícia, fiscalização, órgãos reguladores) facilita que produtos ilícitos percorram circuitos obscuros até chegar ao consumidor final. A demora em montar uma “sala de situação” interministerial, após as primeiras denúncias, evidencia que o aparato estatal nem sempre está preparado para reagir com agilidade a emergências sanitárias.
4. Prioridades políticas desalinhadas
É chocante observar que, enquanto episódios como este se desenrolam, boa parte do debate público e legislativo se concentra em disputas simbólicas, retóricas ou identitárias. A agenda da tragédia com vidas perdidas, prevenção sanitária, fortalecimento institucional, acaba ficando à margem, ou só é respondida pela urgência quando já é tarde demais.
Lições e caminhos possíveis
Para evitar que episódios como este se repitam, é necessário priorizar a gestão pública em várias frentes:
 Fortalecimento das vigilâncias sanitárias municipais e estaduais, com mais recursos e autonomia para ação preventiva.
 Fortalecimento das vigilâncias sanitárias municipais e estaduais, com mais recursos e autonomia para ação preventiva. 
 Reforço técnico e orçamentário da Anvisa e integração mais próxima com as agências locais.
 Reforço técnico e orçamentário da Anvisa e integração mais próxima com as agências locais.
 Protocolos de emergência e prevenção rápida acionáveis ao primeiro sinal de intoxicação por adulteração.
 Protocolos de emergência e prevenção rápida acionáveis ao primeiro sinal de intoxicação por adulteração.
 Investimento em inteligência regulatória: rastreamento de insumos suspeitos (como o metanol), controle logístico e cadeias de distribuição.
 Investimento em inteligência regulatória: rastreamento de insumos suspeitos (como o metanol), controle logístico e cadeias de distribuição.
 Coordenação interestatal e interinstitucional incluindo saúde, polícia, Justiça, fiscalização com comunicação efetiva e células de crise.
 Coordenação interestatal e interinstitucional incluindo saúde, polícia, Justiça, fiscalização com comunicação efetiva e células de crise.
 Mobilização da sociedade civil: campanhas de conscientização, denúncias ativas e pressão política para que a tragédia seja parte permanente da pauta, não algo episódico.
 Mobilização da sociedade civil: campanhas de conscientização, denúncias ativas e pressão política para que a tragédia seja parte permanente da pauta, não algo episódico.
 Essas medidas não são impossíveis. Elas dependem apenas de prioridade política, coordenação técnica e foco em resultados concretos.
 Essas medidas não são impossíveis. Elas dependem apenas de prioridade política, coordenação técnica e foco em resultados concretos.
 Enquanto o Brasil continuar desperdiçando energia em guerras ideológicas, tragédias como essa seguirão acontecendo. O que precisamos é de seriedade, planejamento e eficiência. Mais gestão e menos polarização: esse é o antídoto contra muitos venenos.
 Enquanto o Brasil continuar desperdiçando energia em guerras ideológicas, tragédias como essa seguirão acontecendo. O que precisamos é de seriedade, planejamento e eficiência. Mais gestão e menos polarização: esse é o antídoto contra muitos venenos.
Leia mais matérias desta seção:
17/10/2025 BARCAÇA DA CATEQUESE E O GATABORRALHEIRISMO (5)
10/10/2025 BARCAÇA DA CATEQUESE E O GATABORRALHEIRISMO (4)
06/10/2025 DEBATE VIRTUAL COM PAULINHO SERRA (16)
03/10/2025 BARCAÇA DA CATEQUESE E O GATABORRALHEIRISMO (3)
30/09/2025 ENTRE PASÁRGADA E DETROIT À BRASILEIRA
29/09/2025 DEBATE VIRTUAL COM PAULINHO SERRA (15)
26/09/2025 BARCAÇA DA CATEQUESE E O GATABORRALHEIRISMO (2)
25/09/2025 LULA, TRUMP, DIÁRIO E UM INCRÍVEL APAGÃO
22/09/2025 DECÁLOGO DESPREZADO: NOTA ZERO DEZ VEZES
1952 matérias | página 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190 191 192 193 194 195 196
