REVOLUÇÃO TAMBÉM NO
MÉTODO DE PRODUÇÃO (6)

Chegamos ao penúltimo capítulo desta minissérie que trata da revolução técnico-operacional-editorial na revista de papel LivreMercado, antecessora de CapitalSocial. Verificarão os leitores que faço mais um desabafo do que nova incursão sobre o modelo adotado. Demos um salto de qualidade que transformou LivreMercado também na melhor revista regional do País como modelo de gestão de redação muito além de materialidades e subjetividades do conteúdo editorial.
Vamos, então a esse novo capítulo. O recado contido na análise que se segue foi para a direção de uma outra publicação mais poderosa, mas muito menos qualificada na qual durante 11 meses, numa segunda passagem profissional, entre 2004 e 2005, introduzi e apliquei alguma porção do Planejamento Editorial Estratégico. Nada que se tenha tido no passado. Uma inovação de 100 mil caracteres como definição de valores editoriais que desapareceram após a saída de praticamente toda a redação em menos de 12 meses. É claro que me refiro ao Diário do Grande ABC.
Redação administrada
DANIEL LIMA - 10/08/2007
Idiotas de frases feitas e de conceitos retrógrados são incapazes de acreditar que jornalista também sabe administrar o butim que lhe compete, que jornalista não é um bicho-grilo sem responsabilidades corporativas e que está longe da realidade o maniqueísmo de que jornalista só vê o mundo sob a ótica do romantismo revolucionário.
A Editora Livre Mercado, por exemplo, tem passivo financeiro bastante modesto e controlável, originário de questões que por enquanto prefiro não revelar. Entretanto, durante os anos antecedentes à negociação com o Diário do Grande ABC, incorporado à sociedade há uma década, comandei pessoalmente a administração do negócio sem registrar, ao final do ciclo, um centavo sequer de prejuízo. Sabia de cor e salteado os custos de todos os itens, em números absolutos e relativos. Jamais recorremos ao sistema financeiro.
Mais que isso: quando negociei as ações com o Diário, havia saldo de caixa. Com a sociedade formalizada, restringi por força contratual e desejo profissional minha função à área editorial. A Redação de LivreMercado apresenta custo infinitamente menor que equipes semelhantes de outras publicações, com qualidade reconhecidamente muito superior.
Afinal, por que estou a escrever este assunto? Exatamente para mandar um recado aos bobalhões que procuram de alguma forma transferir responsabilidades que não me competem, é claro.
E não pensem os leitores que estou a lavar publicamente roupa particular. É apenas um desabafo para escorar uma outra intervenção: vai de vento em popa a Teoria da Produtividade Editorial que lancei há três anos e que, entre outros quesitos, mede a produtividade física da Redação.
Se disser que é possível transplantar para uma Redação metodologia semelhante a de fábrica de manufatura, vão dizer os leigos e os acomodados que sou um pirado, desses que precisam ser internados. Pois a Teoria da Produtividade Editorial, que outros setores da empresa da qual sou sócio deveriam analogamente adotar, é a prova provada pelo menos deste profissional que escrever sobre responsabilidade social intrínseca do jornalismo cidadão e gerenciamento empresarial na seara que me compete não são funções excludentes. Pelo contrário.
Para ser breve, porque voltarei mais vezes ao temário: disponho da produção e da produtividade física de todos os colaboradores da Redação, tanto dos efetivos quanto dos colaboradores. Efetivos são aqueles que mantêm relacionamento formal com a editora. Colaboradores são freelances.
Produção física é o quanto cada profissional escreveu por edição. Produtividade é o quanto foi a produção dividida por minuto. Não entendeu? A diferença é que do recebimento da matéria em estado bruto ao processo de correções (copidescagem) cronometro a operação. O número final de caracteres de cada matéria copidescada dividido pelo tempo despendido resulta no índice individual de produtividade. Quanto maior o número de caracteres por minuto copidescado, melhor o texto em qualidade técnica — não necessariamente editorial, que é outra história.
Na ponta do processo, sei exatamente quanto custou cada profissional sob o conceito de eficiência técnica. Geralmente quem menos custa em números absolutos apresenta menor produtividade, mas nem por isso há descarte do profissional. Aprendizado é uma das variáveis compulsórias de uma equipe.
É impressionante, entre outros aspectos, que os maiores índices de efetividade técnica (um caminhão que abre a estrada da qualificação do texto) envolvem exatamente quem tem mais a cultura de LivreMercado, quem mais se mostra sensibilizado pelo perfil da publicação. Para repassar aos colaboradores efetivos ou não orientações básicas sobre o produto que os leitores recebem todos os meses, envio-lhes seguidamente edições da newsletter DaRedaçãoOnline.
O amadurecimento da Teoria da Produtividade Editorial chegou a tal estágio que não é equívoco afirmar que, pela produtividade de cada profissional de Redação, tenho a nota média de qualificação porque nesse processo já embuto vetores subjetivos da personalidade editorial da publicação, sob minha concepção desde que LivreMercado foi lançada no mercado há quase 18 anos. Estou absolutamente certo de que uma página padrão da revista que não ultrapasse a 10 minutos de copidescagem está muito próxima da valoração que exijo.
Se fosse utilizar nas matérias dos jornais que leio diariamente os mesmos conceitos que aplico em LivreMercado, pelo menos mais da metade iria para a lata do lixo.
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